Embalada pelas ações do setor financeiro e pela expectativa de que o Citigroup volte a apresentar resultados positivos, a Bolsa de Valores de Nova York interrompeu ontem longa sequência de baixas e teve o melhor pregão de 2009.

O índice Dow Jones subiu 5,8%, o S&P 500, 6,37%, e o Nasdaq, 7,07%. Mesmo assim, a Bolsa apenas retomou o patamar do final de fevereiro.
Em memorando interno, o presidente do Citigroup, Vikram Pandit, afirmou que o banco teve resultado positivo de US$ 19 bilhões (antes de impostos e outras despesas) em janeiro e fevereiro. Há cinco trimestres o banco vem operando no vermelho, com prejuízos totais de US$ 37,5 bilhões no período.

Na Europa e no Brasil, os mercados também responderam de forma positiva ao memorando do Citi. A Bovespa subiu 5,6%. Em Londres, a Bolsa subiu 4,88%; Frankfurt, 5,28%.

Pronunciamento do presidente do Fed (o BC dos EUA) pedindo "medidas globais" contra a crise e sobre uma futura regulamentação do mercado também animou os investidores. A interpretação foi que as eventuais mudanças serão positivas, e não profundas o suficiente para inviabilizar setores do mercado.

As ações do Citi, que chegaram a ser negociadas abaixo de US$ 1 na semana passada (e que chegaram a valer US$ 55 no auge do mercado), subiram 38% ontem (para US$ 1,45). Elas puxaram os demais papéis do setor. Bank of America, o maior dos EUA, teve alta de 28%, e JPMorgan Chase subiu 23%.

Na média, as ações do setor financeiro, que chegaram a cair ao seu nível mais baixo em 17 anos no dia 6, subiram 16% ontem. Outros papéis de empresas não-financeiras, como os da General Electric, também tiveram altas expressivas. Mesmo assim, as ações da GE acumulam baixa de 45% no ano.

O resultado do Citigroup pareceu ao mercado uma sinalização de que o pior da crise bancária pode ter ficado para trás. Na prática, porém, o Citi só está de pé porque recebeu US$ 45 bilhões de dinheiro público.

O governo dos EUA é hoje o maior acionista do banco, com participação de 36%. Estatizado parcialmente, o Citi já teve de acatar pedido de substituição de diretores e até de cancelar a compra de um avião a pedido do governo.

O vazamento do teor do memorando do presidente do banco, distribuído a milhares de funcionários, interessa a Pandit. Ainda há enorme receio de que ele próprio possa perder o emprego e que o governo norte-americano aumente ainda mais o processo de estatização.

Fonte: Folha de São Paulo / Fernando Canzian, de Nova Iorque