Os empréstimos para a aquisição de veículos e para compra da casa própria foram os dois principais responsáveis pelo aumento no crédito para as famílias brasileiras em setembro. Os números do mês passado também mostram uma pequena recuperação no financiamento para as empresas, que ainda não voltaram aos níveis pré-crise.

De acordo com dados do Banco Central, o estoque de crédito no país chegou ao patamar recorde de R$ 1,35 trilhão em setembro -cerca de R$ 7.000 para cada brasileiro. Isso equivale a 45,7% do PIB (Produto Interno Bruto), acima dos 38,7% verificados em setembro do ano passado.

A concessão de novos empréstimos apresentou o melhor resultado do ano, puxada pelo desembolso recorde de crédito para compra de veículos no último mês de redução integral do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para esses produtos. Foram R$ 6,8 bilhões para a compra de carros, 130% a mais do que o volume de dezembro do ano passado. O crédito imobiliário registrou o segundo maior crescimento, no mês e no ano, já que esse setor foi um dos menos afetados pela crise.

O aumento do crédito contribuiu para reduzir a inadimplência dos consumidores, que caiu pelo terceiro mês seguido, depois ter chegado no meio do ano ao nível mais alto da história. O BC considera inadimplentes os empréstimos com atraso superior a 90 dias, o que representa hoje 8,2% das dívidas das famílias. A falta de crédito para rolagem de dívidas na virada ano provocou um aumento nesse indicador até maio, quando houve uma reversão nessa tendência.

Consignado

Também contribuiu para segurar a inadimplência a retomada nos financiamentos com desconto em folha, cujo estoque ultrapassou no mês passado o valor recorde de R$ 100 bilhões. O consignado tem uma taxa de juros 40% menor que a média do mercado e risco perto de zero.

De acordo com Túlio Maciel, do Departamento Econômico do Banco Central, a recuperação da economia se refletiu de maneira mais rápida no aumento do crédito e na queda dos juros. Esse efeito deve se espalhar agora para outros indicadores, como o nível de inadimplência.

"Essa normalidade do mercado de crédito já está bem próxima, tanto na pessoa física como no jurídica."

Em relação às empresas, que vinham sofrendo mais com a falta de crédito, os novos financiamentos ainda estão cerca de 10% abaixo do verificado há um ano. Houve recuperação, no entanto, na comparação com os números do primeiro semestre. Somente no mês passado, as concessões cresceram 4,7%. Em relação à inadimplência, o percentual se manteve em 4%, o pior em oito anos.

Para a economista Mariana Oliveira, da Consultoria Tendências, essa recuperação nas concessões deve levar o crédito livre para pessoas jurídicas a terminar o ano no "zero a zero". Para 2010, ela prevê um aumento de 9%.

Fonte: Folha de São Paulo / Eduardo Cucolo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *