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 Tomas Stargardter/Reuters
honduras_negociacao.jpgPresidente deposto anunciou que voltará ao país na quinta-feira; ele recebeu apoio incondicional dos países esquerdistas liderados pelo venezuelano Hugo Chávez – (Tegucigalpa) O governo interino de Honduras desafiava nesta terça-feira (30) a crescente pressão internacional e as manifestações nas ruas do país para que restitua o presidente Manuel Zelaya no cargo. O presidente deposto anunciou que voltará ao país na quinta-feira (2).

Estados Unidos, União Europeia e países latino-americanos cerraram fileiras em torno de Zelaya, aliado próximo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, logo depois de sua deposição no domingo (28), no primeiro golpe militar na América Central desde a Guerra Fria.
A capital hondurenha seguia calma na noite de segunda-feira após o toque de recolher e depois que policiais e militares repeliram com golpes e gás lacrimogêneo a centenas de manifestantes que pediam a volta imediata de Zelaya. Durante os confrontos, dezenas de pessoas ficaram feridas e várias foram presas.

"Vou para Tegucigalpa na quinta-feira, chega o presidente eleito pelo povo", disse Zelaya na Nicarágua, onde recebeu apoio incondicional do bloco de países esquerdistas liderado por Chávez. Os membros do bloco retiraram seus embaixadores de Honduras em sinal de protesto.

Zelaya disse que voltará ao país acompanhado do presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, depois de fazer um discurso nesta terça-feira na Organização das Nações Unidas (ONU) para reforçar seu argumento de que é o "presidente legítimo" de Honduras.

Enquanto isso, o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, nomeado no domingo pelo Congresso, ignorou o cerco internacional e nomeou na segunda-feira um governo de transição, com o qual planeja conduzir o país até as eleições em novembro.

O recém-nomeado chanceler do país, Enrique Ortez, disse que Zelaya não pode retornar tranquilamente ao país enquanto ainda reclamar o cargo de presidente. "Tem que pedir uma permissão para entrar. (Sua volta) poderia ser legal se ele não se considera presidente", disse Ortez a jornalistas.

O presidente, cujo apoio popular havia caído para níveis de 30% em meio à crise econômica, foi deposto quando promovia uma consulta não-vinculante sobre a reeleição presidencial. Essa consulta tinha a oposição da Justiça, dos militares e de setores do empresariados, dos políticos e da Igreja.

"O presidente Zelaya estava levando o país para o chavismo, estava seguindo esse modelo que não é aceitável para os hondurenhos", disse Micheletti numa entrevista à Reuters no palácio do governo, onde se instalou apesar das manifestações se concentrarem nessa região.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou que os EUA só reconhecerão Zelaya como presidente, já Chávez assegurou que deixará de enviar petróleo para o país de 7 milhões de habitantes enquanto os "usurpadores" governarem Honduras.

Magnata do setor madeireiro e de tendência liberal, a guinada de Zelaya para a esquerda e sua crescente aliança com Chávez irritaram as elites conservadoras, boa parte da população de Honduras, o país mais pobre das Américas depois do Haiti e da vizinha Nicarágua.

Fonte: Reuters / Enrique Andrés Pretel e Gustavo Palencia (em 30/06/2009)