O HSBC Brasil obteve lucro de US$ 505 milhões no primeiro semestre deste ano. O valor é 20,72% menor na comparação com igual período de 2011. Os resultados apontam que os ganhos do banco inglês foram afetados pela provisão de US$ 700 milhões feita para cobrir multas e outros custos, segundo revelou a edição desta terça-feira (31) do jornal Valor Econômico.

O maior banco da Europa foi ligado a um escândalo envolvendo lavagem de dinheiro no México. A instituição financeira também poderá ter que pagar mais de US$ 2 bilhões por vendas enganosas no Reino Unido.

Segundo Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT e funcionário do banco, além dos escândalos internacionais, há também as recentes denúncias no Brasil, que precisam ser apurados.

O HSBC é apontado como provável banco em que se movimentavam a maior parte dos recursos das empresas citadas no escândalo político ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara já solicitou averiguação ao Banco Central.

"Ainda no Brasil, temos também a espionagem feita pelo banco inglês com 164 trabalhadores afastados para tratamento de saúde, cuja apuração se encontra no Ministério Público do Trabalho do Paraná", ressalta Miguel.

Para o dirigente sindical, muitos são os episódios em que o banco se encontra totalmente fora da lei. "Não basta o executivo-chefe do HSBC, Stuart Gulliver, se lamentar ou pedir desculpas. O fato é que ninguém foi punido até o momento", afirma.

HSBC na América

O HSBC se retirou de muitos países da América, vendendo suas posições no Canadá, parte das operações nos Estados Unidos, e transacionou ao grupo colombiano GBN os seus ativos no Uruguai, Paraguai, Colômbia e Peru.

Ainda vendeu a participação no Chile para o Itaú e saiu também de Honduras, Guatemala, Costa Rica e Equador.

O banco inglês permaneceu apenas no Brasil, na Argentina, onde suspendeu seus investimentos de expansão, e no México, onde já fechou 183 agências.

Provisões

A prática realizada pelo banco para redução do lucro líquido através de provisionamentos é freqüentemente denunciada pelo movimento sindical. "A empresa afirma que dobrou neste semestre as provisões, porém a média feita pelo HSBC no Brasil já é o dobro da média dos demais bancos brasileiros", explica Miguel.

O diretor da Contraf-CUT ainda ressalta que os créditos do banco têm boa classificação, o que torna incompreensível a redução dos lucros e o pagamento menor de PLR aos seus funcionários. "A inadimplência não cresceu suficientemente para justificar o comportamento do banco", conclui Miguel.

A íntegra do balanço do primeiro semestre ainda não foi divulgada no site do HSBC.

Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico