Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20 querem definir até julho a extensão de regras e controle de supervisores sobre o "sistema bancário sombra ou paralelo" (shadow banking system), que não está coberto pelas novas exigência de capital próprio do Acordo de Basileia III.
 

O Federal Reserve de Nova York estima que o sistema bancário paralelo chegou a pesar US$ 21 trilhões em 2008 e, desde então, encolheu US$ 5 trilhões, no rastro da crise global. Mas seus US$ 16 trilhões estimados no começo de 2010 ainda superam os US$ 13 trilhões do sistema bancário tradicional.

O sistema dito na sombra inclui fundos de hedge, corretoras, fundos de investimentos, fundos de private equity, veículos especiais de investimentos, fundos de pensão, além de instituições focadas em crédito hipotecário.

De um lado, o balanço desses intermediários financeiros ilustrava a situação da liquidez, enquanto sua contração precedia a deflagração de crises financeiras. A titrização era no início considerada com uma maneira de transferir o risco de crédito para agentes capazes de absorver perdas. Só que acabou contribuindo para fragilizar o sistema financeiro como um todo, permitindo aos bancos e outros intermediários ampliar a alavancagem comprando títulos mutuamente.

Os "shadow banks" captavam recursos no curto prazo, operando com enorme alavancagem, investindo em ativos de longo prazo e iliquidez. Mas, ao contrários dos bancos tradicionais, foram pouco ou não supervisionados, sem reserva de capital ou acesso aos seguros de depósitos, sem operações de redesconto e sem financiamento de última instância dos bancos centrais.

Para certos especialistas, esse sistema exacerbou o "boom" e depois complicou os esforços de socorro dos governos durante a pior crise financeira mundial dos últimos tempos.

O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) discute no momento como definir "shadow banks". O confronto com os atores do mercado é grande.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa as maiores instituições financeiras do mundo, aponta "confusão e criação de incompreensão" sobre as instituições financeiras não bancárias.

Argumenta que elas são essencialmente fornecedores de ativos no atacado. E que seu encolhimento desde 2008 não significa que haja menos US$ 5 trilhões na economia americana, notando que os passivos do bancos tradicionais cresceram ligeiramente enquanto as emissões de títulos de empresas aumentara nos últimos dois anos.

O IIF nota que o maior componente dos "shadow banking" é representado por instituições patrocinadas pelo governo (GSE), como Federal Home Loan Banks, Fannie Mae e Freddie Mac, que combinadas pesam US$ 7,78 trilhões.

O segundo mais importante componente são os "money market mutual funds" (MMMFs), com queda no estoque de quase US$ 1 trilhão desde o pico de US$ 2,74 trilhões no último trimestre de 2008. Também o tamanho do mercado aberto de papéis comerciais declinou US$ 738 bilhões, somando agora US$ 1 trilhão.

O IIF vê com reservas a possibilidade de "money market mutual funds" passarem a ser regulados como os bancos, por exemplo.

A França, na presidência do G-20, propõe estender a regulação para o sistema bancário paralelo, como também para os derivativos de matérias primas e controle de evoluções tecnológicas nos mercados (tradings algorítmicos) que podem ameaçar a estabilidade financeira.

 
Fonte:  Valor Econômico / Assis Moreira, de Paris

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