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santander_predio.jpgEm duas assembleias de acionistas do Santander Brasil (uma ordinária e outra extraordinária), realizadas nesta terça-feira, dia 27, no prédio da Torre, em São Paulo, um grupo de minoritários votou contra a fixação da remuneração global anual dos administradores do banco em R$ 246,560 milhões para o exercício de 2010. Segundo representantes do banco, esse montante deve ser pago aos atuais 48 diretores e parte será também destinado para os nove membros do Conselho de Administração.

Além de votar contra, os minoritários Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT, Vera Marchioni e Wagner Cabanal, diretores do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e Afubesp apresentaram documentos justificando o voto contrário, o que foi registrado em ata.

Participaram das assembléias 91,46% do capital social do banco com direito a voto. Quatro diretores do Santander estiveram presentes. Os itens de pauta foram votados individualmente e aprovados com no mínimo 86% do capital social.

Milhões para diretores-executivos

"Mais uma vez, o Santander aprova uma política diferenciada de remuneração, pois os diretores-executivos são supervalorizados, enquanto o restante dos trabalhadores recebe o mínimo praticado pelo mercado, sem expectativas concretas de ascensão profissional, negando-se inclusive a implantação de um Plano de Cargos e Salários (PCS) com regras claras para o crescimento na empresa", denuncia Ademir.

Esses minoritários também foram contra a alteração estatutária, que aumentou o número máximo de diretores-executivos, que era de 56, para 75. "O banco deveria elevar, isto sim, o número de funcionários nas agências para melhorar as condições de trabalho e o atendimento aos clientes, ao invés de ampliar ainda mais o número de diretores-executivos", protestou o dirigente da Contraf-CUT.

Ademir defendou a divulgação dos salários dos diretores do Santander nos balanços, visando dar mais transparência para os acionistas, os clientes e a sociedade, conforme orientação do Banco Central.

Fechamento de 1.752 postos de trabalho

As contas do exercício de 2009 também receberam votos contrários do grupo de minoritários. "Apesar dos excelentes resultados auferidos, eles poderiam ser ainda maiores com a adoção de algumas práticas e/ou providências, visando uma real parceria entre a empresa, os clientes e, principalmente, seus trabalhadores", destacou Vera. Ele apontou que "a terceirização precariza as condições de trabalho e o fim dessa prática geraria melhora significativa na satisfação dos clientes".

"Embora o processo negocial tenha sido retomado com as entidades sindicais, o que viabilizou a assinatura de acordo coletivo de trabalho e termos de compromissos com avanços para os trabalhadores, no último dia 16 de março, existem ainda várias pendências com os funcionários da ativa e aposentados, cujas soluções não podem continuar sendo adiadas pelo banco", ressaltou Ademir.

O diretor da Contraf-CUT lembrou que "o balanço mostra que o Santander encerrou o exercício de 2009 com 52.457 funcionários, enquanto tinha 54.109 em 2008, o que significou o fechamento de 1.752 postos de trabalho, na contramão da economia brasileira, que, apesar da crise financeira mundial, no mesmo período gerou mais de 900 mil empregos".

PLR sobre lucro menor para os bancários

Os quatro minoritários também votaram contra a destinação do lucro líquido do exercício de 2009 e a distribuição de dividendos. "Enquanto o banco divulgou o lucro apurado com base nas regras internacionais na imprensa para acionistas, investidores e a sociedade, os bancários que contribuíram com 20% do lucro mundial do grupo receberam o pagamento da PLR sobre o lucro calculado com base nas regras brasileiras, ganhando menos", comparou Ademir.

Vera Marchioni questionou o pagamento dos bônus aos executivos. "Os bônus não devem ser atribuídos no curto prazo e sim diferidos ao longo do tempo, de forma a comprometer os profissionais com o futuro da instituição, assumindo em conjunto com a empresa e os clientes os riscos inerentes à sua atuação cotidiana", defendeu a diretora do Sindicato.

Nos documentos protocolados, os minoritários também cobram soluções para a falta de funcionários nas agências, as metas inatingíveis para a venda de produtos, o serviço passado do Banesprev, as mudanças do HolandaPrevi, o passivo dos aposentados, as condições de trabalho e as práticas antissindicais.

Wagner Cabanal, ex-diretor da Cabesp, questionou o Santander porque não utiliza para os trabalhadores a assistência à saúde da entidade de autogestão, que é gerida pela empresa e os funcionários.

Defesa do acordo marco global

Os minoritários defenderam o acordo marco global com o Santander, conforme campanha mundial promovida pela UNI Finanças. "A falta de negociações e de um acordo global expõe o banco ao descumprimento de legislações e normas internacionais, podendo acarretar a formação de passivos trabalhistas e prejuízos para a instituição em todo mundo, com reflexos para os resultados no Brasil", destacou Ademir.

Um dos votos do grupo de minoritários, no entanto, foi favorável à proposta do banco. Eles apoiaram o aumento do capital social, mediante capitalização de reservas de capital, no valor de R$ 22.130.211,93, sem emissão de novas ações, passando o capital social da Companhia de R$ 62.806.071.402,28 para R$ 62.828.201.614,21.

Também compareceram outros minoritários, especialmente fundos de investimentos estrangeiros e empresas, que não se manifestaram nas assembleias.

Fonte: Contraf-CUT

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