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Crédito: Contraf-CUT

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Após três dias de troca de experiências, solidariedade e avaliações, a missão internacional da UNI Sindicato Global em Boston, nos Estados Unidos, com delegações do Brasil, Reino Unido, Uruguai e Chile, foi encerrada na quinta-feira, dia 15, com a aprovação de uma nova etapa com ações para intensificar a campanha por um acordo marco global com o Santander. O ponto negativo foi a recusa do banco em receber a representação mundial dos bancários para uma reunião com o Sovereign Bank, adquirido pelo grupo espanhol nos EUA.

Os debates foram coordenados pelo chefe mundial da UNI Finanças, Oliver Röethig. Pelo Brasil, participaram a Contraf-CUT, através do presidente Carlos Cordeiro, secretário-geral Marcel Barros e secretário de imprensa Ademir Wiederkehr, e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, por meio das diretoras Rita Berlofa e Maria Rosani. O evento foi organizado pela SEIU, com o apoio da CWA, duas entidades sindicais norte-americanas que são parceiras na luta pela criação de um sindicato de bancários nos EUA.

"Diante da ausência de negociações com a direção mundial do banco, a UNI apresentou um conjunto de propostas para impulsionar a mobilização pelo respeito aos direitos dos trabalhadores do Santander, envolvendo ações em todos os países onde o banco opera", destaca Carlos Cordeiro, que também é presidente da UNI Américas Finanças.

"Para tanto, vamos reforçar a comunicação com não somente com os bancários e os clientes, mas também com as instituições, dialogando com governos, parlamentares, embaixada e consulados. Nós também vamos elaborar um estudo aprofundado sobre a atuação do banco no mundo e os impactos para os trabalhadores e a sociedade", ressalta Marcel Barros.

"Todas as mobilizações e levantamentos são importantes para que tenhamos maior pressão e uma visão geral das condições de trabalho e dos resultados do banco, que está fazendo novas aquisições, agora na Alemanha. É inaceitável que muitos trabalhadores não podem hoje exercer o seu direito de organizar um sindicato e negociar coletivamente para melhorar as condições de vida", afirma Oliver Röethig.

Recusa do Santander terá resposta da UNI

A carta enviada na terça-feira, dia 13, de Madri, pelo diretor de Relações Laborais do Santander, Juan Gorostidi Pulgar, recusando o pedido da UNI Finanças, feito através de ofícios enviados nos 23 de junho e 2 de julho, para uma reunião com o presidente do Sovereign Bank, Gabriel Jaramillo, será respondida pela UNI em conjunto com as entidades filiadas..

Passado um ano e meio da compra do Sovereign Bank, foram demitidos cerca de 2.700 empregados no EUA. Jaramillo presidiu o Banespa logo após a privatização do banco paulista até a compra do Real, quando foi substituído por Fábio Barbosa. Na sua gestão no Brasil, mais de 9 mil foram demitidos, o que representou um terço dos trabalhadores.

Práticas antissindicais tentam impedir criação de sindicato nos EUA

A missão internacional observou em várias agências do Sovereign Bank, em Boston, a existência de práticas antissindicais. Os funcionários são intimidados e amedrontados pelo banco. Houve demissões de alguns funcionários que estavam organizando a criação de um sindicato, uma vez que nos EUA os bancários não possuem uma entidade que os represente.

"Os integrantes das delegações dos países tiveram dificuldades em conversar com os bancários, diante da intimidação de gestores. Numa agência, um deles chegou a acionar um apito para alertar a segurança. Lembrei-me dos tempos da ditadura militar no Brasil, quando certos gerentes e chefes vigiavam os passos dos dirigentes sindicais nas unidades para cercear o movimento, barrar a distribuição de jornais e frear a mobilização", salienta Ademir Wiederkehr.

Sem negociação coletiva, os bancários norte-americanos não possuem direitos fundamentais, como jornada regular de trabalho, pagamento das devidas horas extras e férias regulamentares. Também sofrem com a pressão das metas para a venda de produtos, a exemplo do que ocorre nos demais países onde o Santander abriu agências. Muitos bancários não têm local fixo para trabalhar e precisam solicitar autorização das chefias para ir ao médico.

"Foi uma experiência importante e mostrou para todos nós como o Santander trata de forma diferente os trabalhadores que não estão lotados na Espanha, ainda mais quando atua num país onde não existe um sindicato de bancários", avaliou o presidente da Contraf-CUT. "Nós vamos intensificar os laços de solidariedade nas Américas e ajudar a luta para mudar essa realidade nos EUA. A esperança haverá de vencer o medo", aponta Carlos Cordeiro.

Luta pelo acordo marco global

Lançada no dia 17 de março, em São Paulo, a campanha por acordo global com o Santander já arrecadou mais de 7 mil assinaturas no Brasil, bem como em outros países. A Contraf-CUT já enviou jornal da Rede Global Bancária para os sindicatos para distribuição aos bancários, fortalecendo a mobilização nos locais de trabalho. Também foram realizadas várias manifestações, especialmente em São Paulo.

A necessidade do acordo global foi reiterada para o presidente mundial do Santander, Emilio Botín, que concedeu no dia 29 de junho uma audiência para o Sindicato de São Paulo, com a participação da Contraf-CUT, Fetec-CUT/SP, Feeb SP-MS e Afubesp. Nova reunião com Botín será realizada dentro de dois meses.

"Queremos um acordo global para garantir direitos básicos para os bancários do Santander em todo mundo", enfatiza Carlos Cordeiro, que apresentou as principais conquistas dos trabalhadores no Brasil, como convenção coletiva nacional, jornada de seis horas, PLR, licença-maternidade de seis meses, auxílio-refeição, cesta-alimentação e férias de 30 dias, dentre outras. "Sem luta coletiva não existe vitória para a classe trabalhadora", conclui.

Fonte: Contraf-CUT

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