Depois de resistir durante meses em seguir as diretrizes do governo para baixar o spread e os juros do Banco do Brasil, e assim estimular pela concorrência a redução do custo do dinheiro em todo o sistema financeiro, o presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto, foi demitido nesta terça-feira 18. O novo presidente é Aldemir Bendine, vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo.

Na edição de março último, a revista O Espelho Nacional, publicada pela Contraf-CUT, já havia denunciado a relutância da direção do Banco do Brasil em cumprir as diretrizes do governo. Leia a matéria Neoliberais do BB desobedecem governo e resistem em baixar spread.

Sem se referir diretamente à demissão de Lima Neto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou à imprensa a"minha obsessão" em baixar o spread e os juros, para que o crédito chegue ao setor produtivo e às pessoas físicas e o Brasil possa enfrentar a crise econômica.

‘Lógica de banco público não pode ser de banco privado’

Já a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, disse aos dirigentes das centrais sindicais que se reuniram nesta terça-feira com ela e com o presidente Lula que os bancos públicos não podem atuar com a mesma lógica das instituições privadas. "A lógica do banco público não deve ser a do banco privado", afirmou a ministra aos sindicalistas, segundo o jornal O Estado de São Paulo.

Na opinião da ministra, os bancos públicos perdem a razão de existir se partem para lucros reais de 20% a 30%.

Para a Contraf-CUT, a queda das ações do BB na Bovespa após a demissão de Lima Neto é uma prova de que o banco vem atuando em descompasso com o seu papel de instituição pública. "O mercado reagiu mal porque o BB nas últimas gestões vem atendendo à necessidade do mercado, e não à do desenvolvimento econômico", afirma Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, órgão da Contraf.

A Contraf-CUT também avalia que não basta a troca de presidente do Banco do Brasil para baixar os juros e o spread. "Para que a fala da ministra tenha relação com a realidade, é preciso que o Conselho de Administração do BB mude o seu direcionamento estratégico, que hoje é o de buscar o lucro de banco privado", critica Marcel.

Fonte: Contraf/CUT