O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem, 14 de janeiro, que os bancos deverão pagar uma nova taxa para compensar as perdas de até US$ 120 bilhões de recursos públicos usados para socorrer instituições financeiras e evitar o colapso do sistema durante a crise. "Nós queremos nosso dinheiro de volta e o teremos", disse.

A taxa, que ainda precisa ser aprovada no Congresso, levará pelo menos 10 anos para conseguir recuperar cerca de US$ 90 bilhões, e 12 anos para arrecadar US$ 117 bilhões, de acordo com estimativas da administração Obama.

A decisão ganhou força, afirmou o presidente americano, após a divulgação de "bônus obscenos" pagos por bancos. "Meu compromisso é recuperar cada centavo que é devido ao povo americano. E minha determinação de alcançar esse objetivo é reforçada quando vejo os informes de lucros gigantescos e bônus obscenos das mesmas companhias que devem a continuação de sua existência ao povo americano – que não se recuperou e continua a enfrentar as dificuldades reais desta recessão", disse, em nota divulgada pela Casa Branca.

"Se as companhias estão em boa forma para pagar bônus pesados, certamente estão em boa forma para pagar de volta cada centavo aos contribuintes", disse Obama ressaltando que o objetivo da medida é prevenir excessos futuros e não punir os bancos por comportamentos passados.

Cerca de 60% da receita arrecadada pela "taxa de responsabilidade na crise financeira", como é chamada pela Casa Branca, virá das dez maiores empresas financeiras dos EUA. O imposto de 0,15% sobre o passivo das instituições financeiras se aplica apenas àquelas com ativos acima de US$ 50 bilhões – um grupo estimado em cerca de 50 empresas, entre bancos, seguradoras e corretoras.

Desse total, 35 seriam americanas e de 10 a 15 seriam subsidiárias nos EUA de empresas financeiras estrangeiras. A proposta exclui pequenos bancos e montadoras que aceitaram recursos do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês).

Obama pediu aos bancos que não ofereçam resistência a pagar o novo imposto, lembrando que existe uma dívida com os contribuintes. "Em vez de enviar uma tropa de lobistas para contestar essa proposta ou empregar um exército de advogados e contadores para ajudar a evadir o imposto, eu sugiro que vocês considerem simplesmente cumprir com suas responsabilidades", disse Obama.

Mas o setor bancário já faz forte oposição à taxa, alegando que se trata de um exercício político que vai prejudicar a recuperação econômica do país, com consequências que recairão sobre os consumidores.

Se aprovada pelos congressistas, a taxa entrará em vigor em 30 de junho e deve durar por pelo menos dez anos.

DESEMPREGO

O anúncio ocorreu num dia em que indicadores do mercado de trabalho e do varejo mostram piora. O número de novos pedidos de auxílio-desemprego requeridos na semana passada aumentou em 11 mil, para 444 mil pedidos, contrariando uma expectativa de queda de 4 mil. Contudo, a média móvel de quatro semanas caiu em 9 mil para 440.750 mil, seu menor nível desde 30 de agosto de 2008, o que indica que a tendência nos pedidos ainda é de baixa.

Já as vendas no varejo caíram 0,3% em dezembro, contrariando as expectativas de aumento de 0,5%, segundo dados do Departamento do Comércio.

Fonte: O Estado de São Paulo

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