Maurício Moraes
Exploração dos bancários e desrespeito pela população

O som do chicote estalando ecoou pelas ruas do centro velho de São Paulo no começo da tarde da terça-feira 11, durante o lançamento da Campanha Nacional Unificada 2015. E o mote deste ano não deixa dúvidas sobre a maior protestação dos trabalhadores e da sociedade em relação aos bancos: exploração não tem perdão!

No início da manhã, o Comando Nacional dos Bancários entregou à federação dos bancos (Fenaban) e às direções do Banco do Brasil e da Caixa Federal, as três pautas de reivindicações da categoria (leia mais).

Como já é tradição, a passeata que percorreu as ruas São Bento, da Quitanda, Boa Vista até chegar à Praça Antônio Prado, em frente à sede do Sindicato, esbanjou criatividade e descontração. Caveiras, pernas de pau, anjos e demônios prenderam a atenção nas ruas lotadas por onde a manifestação passou e deram o recado à população sobre um tema grave: a exploração que as instituições financeiras infligem não só aos bancários – com demissões, sobrecarga de trabalho, metas abusivas e assédio moral -, mas também à sociedade – com a cobrança exorbitante de juros e tarifas.

“É uma agiotagem legalizada”, resumiu o representante comercial José Rodrigues Barbosa, enquanto observava a passeata com caveiras representando bancários que estão “só o osso” com tanta exploração, levando chicotadas de banqueiros no topo da pirâmide social, interpretados por artistas circenses em longas pernas de pau. “Se você empresta para os bancos, depositando dinheiro na poupança, eles não te pagam nem 1% de juros, mas quando eles emprestam, cobram 10%, 15% no cheque especial, e ninguém regula isso”, critica.

Pecados

Por onde passar, a Campanha Nacional deste ano vai denunciar os demônios da demissão e das metas abusivas que assombram os bancários e os “sete pecados do capital”: assédio moral, discriminação, ganância, irresponsabilidade, mentira, ostentação e terceirização. As reivindicações descritas na pauta dos bancários serão representadas por anjos exorcizadores.

Uma novidade da Campanha Nacional deste ano, a Rádio dos Bancários estreeou junto com a passeata, em frente à sede do Sincicato, e estará sempre ao vivo nas ruas para dialogar com a categoria e com a população.

“Essa passeata é importante para chamar a atenção da sociedade e mostrar que o problema está nos bancos e não nos funcionários”, afirmou um bancário enquanto filmava o ato com seu celular. “Os bancos não têm que olhar só para o lucro, precisam prestar atenção no seu lado social também”, complementou.

Os três maiores bancos privados do país (Itaú, Bradesco e Santander) já anunciaram os resultados para o primeiro semestre do ano: são R$ 24 bilhões – crescimento de 22,3% em relação a 2014 – e nem estão contabilizados BB e Caixa, que ainda não divulgaram seus balanços (no primeiro trimestre lucraram mais de R$ 3 e 1,5 bi, respectivamente).

“Mesmo apresentando lucros imensos, esses bancos privados cortaram mais de 6 mil postos de trabalho entre junho de 2014 e junho de 2015”, ressalta a diretora executiva do Sindicato e bancária do Itaú Marta Soares. “A grande imprensa fala em crise, mas os resultados provam que essa crise não chegou aos bancos, portanto nada justifica essas demissões e a exploração, e nós vamos deixar isso claro durante a Campanha Nacional”, afirma.

Fonte: Seeb SP Rodolfo Wrolli