Durante encontro ontem com integrantes da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, defendeu a adoção de medidas para desindexar a economia. A indexação, disse Tombini segundo relatos dos participantes, é um agenda que precisa avançar para evitar a propagação de choques de oferta, como os que o país vem sofrendo desde o segundo semestre do ano passado. Ele não fez menção a medidas específicas.

Tombini disse que a inflação, que acumula variação de 6,1% nos últimos 12 meses, não vai desacelerar "da noite para o dia". Segundo ele, em abril o país ainda terá uma inflação elevada, mas em maio e junho o IPCA, o índice oficial do regime de metas, deve ficar "consistente" com a meta anual de 4,5%, que o BC só pretende atingir em 2012.

O presidente do BC afirmou que a inflação é, hoje, um fenômeno mundial. Ele mencionou o caso da França, cujo índice de preços ao consumidor nos últimos 12 meses chegou a 6,3%. Apesar desse nível inflacionário, observou, a taxa de juros fixada pelo Banco Central Europeu está em 1% ao ano.

Os deputados fizeram perguntas sobre as chamadas medidas macroprudenciais que o BC tem adotado para enfrentar a inflação. Tombini disse que há problemas de interpretação dessas medidas por parte do mercado porque os agentes não estariam acostumados com elas. "O BC [brasileiro] está tranquilo porque está trabalhando", disse.

Tombini, segundo o deputado Cláudio Puty (PT-PA), que preside a Comissão de Finanças e Tributação, não descartou a adoção de novas medidas prudenciais, mas não fez nenhuma sinalização específica, como chegaram a informar algumas agências de notícias. "Ele não anunciou nada. Repetiu rigorosamente o que disse no Relatório de Inflação divulgado ontem [quarta-feira]", assegurou Puty.

Sobre a taxa de câmbio, Tombini, de acordo com Puty, disse que há problemas conjunturais (o excesso de liquidez internacional) e estruturais (a atratividade da economia brasileira) que explicam a apreciação da moeda nacional. Ele mencionou as medidas, como o aumento do IOF sobre capital estrangeiro, que o governo vem adotando para minorar o problema.

A iniciativa do café da manhã com deputados foi de Tombini, que recentemente se reuniu com senadores da Comissão de Assuntos Econômicos. Na semana passada, ele participou, em São Paulo, de encontro com banqueiros e representes do setor produtivo na casa de Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Investimentos.

Fonte: Valor Econômico / Cristiano Romero

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