A proibição do uso de celulares nas agências não impede a visualização dos saques em dinheiro dos clientes e a prática do crime de "saidinha de banco". A avaliação é do coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária e secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, que critica o projeto de lei, de autoria do deputado Domingos Brazão (PMDB), aprovado na terça-feira, dia 5, pelo plenário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O governador Sérgio Cabral tem prazo de 15 dias para sancionar ou vetar a lei.

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A iniciativa do parlamentar proíbe o uso de celulares, radiotransmissores, palm tops e similares nas agências do Estado. Também determina que bancários e vigilantes fiquem responsáveis pela proibição e as agências deverão divulgar a legislação em cartazes afixados no seu interior.

"Além de não evitar a visualização dos saques, o projeto erra ao responsabilizar bancários e vigilantes para fiscalizar o cumprimento da lei, uma vez que essa não é uma atribuição dos bancários e os vigilantes exercem outras tarefas importantes que não podem ser abandonadas, sob pena de fragilizar ainda mais as precárias condições de segurança dos estabelecimentos", afirma o diretor da Contraf-CUT. "A fiscalização prevista é impraticável", avalia.

A "saidinha de banco" é um golpe que começa dentro das agências e é consumado quando o cliente saca dinheiro e é abordado pelos ladrões no estacionamento, na calçada ou na rua. "Esse crime não é somente problema de segurança pública, como defendem alguns bancos, mas também precisa ser enfrentado por eles, através da ampliação de equipamentos de prevenção, como divisórias individualizadas entre os caixas e biombos entre as filas de espera e os caixas, além das portas de segurança com detectores de metais antes do autoatendimento, câmeras de filmagem e vidros blindados nas fachadas", ressalta Ademir.

O deputado disse que se baseou em legislação semelhante que há na Argentina. A expectativa do parlamentar é que, do mesmo modo que a população se adaptou à proibição de celulares em cinemas ou teatros, também se acostume a não usar os aparelhos dentro das agências.

"O parlamentar mostra que não conhece o funcionamento das agências, onde o celular é hoje um importante meio de comunicação para os clientes, enquanto esperam nas filas por falta de funcionários, bem como virou um instrumento de trabalho aos bancários para contatar clientes e usuários", explica o dirigente sindical. "Imagine deixar, por exemplo, um médico incomunicável quando vai ao banco", alerta.

A proibição do uso de celulares já foi objeto de discussões em vários encontros de bancários, porém a medida nunca foi aprovada como reivindicação para combater a "saidinha de banco". Projetos semelhantes viraram leis municipais em algumas cidades do País, como Curitiba e Salvador, sem apoio de bancários e vigilantes.

Na avaliação do dirigente da Contraf-CUT, "a solução passa pela ampliação dos equipamentos de segurança nos bancos, cujos lucros astronômicos permitem mais investimentos, e pela melhoria da segurança pública, o que também é possível". A "saidinha de banco" provocou 7 das 18 mortes em assaltos envolvendo bancos nos primeiros nove meses de 2010 em todo país, conforme pesquisa feita pela Contraf-CUT com base em informações publicadas na imprensa. "A proteção da vida das pessoas precisa ser colocada em primeiro lugar", conclui Ademir.

Fonte: Contraf-CUT com Alerj

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