Os gerentes das agências da Rede SP Sul do Santander estão fartos do assédio moral praticado por superintendente que informou que meta de venda de seguros do mês inteiro deverá ser cumprida até 11 de junho, véspera do início da Copa, em reunião realizada nesta terça 3. 

“Ele foi claro: quem não bater a meta vai para rua”, declarou um dos funcionários. “Eu ganho essa campanha com ou sem vocês”, foi a frase usada para assediar os gerentes de agência com evidente ameaça de desligamento, caso não cumpram o exigido, de acordo com relatos.

Assédio moral

“Ele está achando que somos máquinas. Não aguentamos mais esse stress”, afirma um bancário. Outro desabafa: “está todo mundo louco com a cobrança de seguros e com as ameaças por causa de uma premiação”. 

A meta de vendas varia de acordo com o tamanho e a quantidade de clientes da agência. O volume a ser vendido é muito elevado diante do pouco tempo para seu cumprimento, segundo a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Carmen Meireles. 

Ela lembra que o superintendente já assediou moralmente os trabalhadores, ao fazê-los usar chapéu e reverenciar os clientes que entravam na agência. “Não é a primeira vez que bancários procuram o Sindicato para reclamar da forma como são cobrados e expostos em reuniões.” 

“É absurdo um gestor agir dessa forma e o banco não tomar providências. Mais uma prova de que números importam mais que as pessoas. Os funcionários afastados por adoecimento são muitos, ainda assim o Santander continua com essa política assediadora em busca de resultados. E gestores ruins sentem-se à vontade para praticá-la”, critica Carmen. 

Negociação já! 

Os trabalhadores do Santander se mobilizaram contra demissões e metas abusivas, com sensibilização dos clientes, em jornada de lutas, de 13 a 23 de maio. Cerca de 25 mil cartas de correntistas descontentes com a falta de funcionários e altas tarifas foram endereçadas a Jesús Zabalza, presidente do banco. 

Os protestos tomaram também a arena virtual, em que a hashtag#santanderbastadedemissoes relacionou falta de funcionários com desrespeito aos clientes e trabalhadores. Desde então, os bancários insistem para que o espanhol marque uma reunião. 

“Reivindicamos negociação com presidente do Santander, Jesús Zabalza, para o fim dos desligamentos e das metas abusivas. É um absurdo exigir que a meta do mês seja alcançada até o dia 11. Este é mais um problema que levaremos para a mesa de negociação”, afirma a diretora do Sindicato Vera Marchioni. 

O Santander acabou com 4.833 vagas em um ano, uma queda de 9%. Só de janeiro a março, foram fechados 970 postos de trabalho. 

Com falta de funcionários, o banco esteve oito vezes no topo do ranking de reclamações do Banco Central, no ano passado. Em 2014, ficou em primeiro lugar em todo o primeiro trimestre. O ranking foi divulgado até o mês de abril.


Fonte: Seeb São Paulo

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