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jaqueline.jpgA presidenta eleita do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello, concedeu entrevista ao site da Contraf-CUT sobre as eleições apuradas na última sexta-feira, dia 13. A Chapa 3 venceu o segundo turno com 2.081 votos contra 2.079 obtidos pela Chapa 1, uma diferença de dois votos. Jaqueline será a primeira mulher a assumir a presidência da entidade, no próximo dia 29.

Confira a íntegra da entrevista:

Contraf – Como foram as eleições para o Sindicato de Pernambuco, inclusive o segundo turno, que acabou de ocorrer?

Jaqueline Mello – Foi um processo difícil, com a inscrição de quatro chapas, sendo duas do campo cutista. Divisão que tentamos o tempo o todo evitar, o que não foi possível a partir da intransigência do atual presidente, que pretendia "expurgar" lideranças históricas dos bancários da direção da entidade. Eu nunca aceitaria essa política excludente e personalista.

Contraf – E as eleições em si?

Jaqueline – Embora difíceis e muito disputadas, as eleições tiveram todas as suas regras cumpridas de maneira democrática. A categoria pôde escolher livremente e estamos muito honrados com o voto de confiança. Agora é trabalhar muito para mudar, fazer uma gestão cada vez mais participativa em defesa dos interesses de todos os trabalhadores do ramo financeiro.

Contraf – A decisão por apenas dois votos no segundo turno não mostra uma grande divisão da categoria?

Jaqueline – Como disse, por nós essa divisão não ocorreria. Sem ela, as chapas do campo cutista teriam ganhado já no primeiro turno. Não foi possível, mas é preciso também analisar corretamente o resultado.

A chapa 1, do atual presidente, só teve esse resultado porque contou com 499 votos apenas em uma urna, a dos aposentados do antigo Bandepe, contra nove nossos. Se todos têm direito ao voto, é necessário criticar os métodos utilizados pela Asfab, a associação desses aposentados.

As pessoas eram buscadas em casa e respondiam chamada na chegada em lista da associação. Votaram também com base em mentiras, de que se a nossa chapa fosse eleita a sede do Bandeprev mudaria para São Paulo, a Asfab acabaria etc. Sem os votos dessa única urna, teríamos ganhado por 500 votos em pouco mais de 4 mil eleitores, o que demonstra a verdadeira vontade das bancárias e dos bancários.

Mas ganhar por dois ou por um apenas um voto faz parte das regras. O processo democrático tem de valorizar cada pessoa. Hoje aconteceu uma coisa até interessante. Ao conversar com os bancários nos locais de trabalho, todos diziam que um dos votos a mais que garantiu a vitória tinha sido dele. O sentimento era de orgulho, orgulho de quem votou e de todos que trabalharam para esse resultado.

Contraf – A Chapa 1 entrou com pedido de recontagem de votos, o que acha disso?

Jaqueline – É um desrespeito à vontade da categoria, porque a eleição e a apuração foram acompanhadas e fiscalizadas pelo Ministério Público do Trabalho, além dos representantes das duas chapas. Depois da apuração, o mapa da totalização de votos foi assinado sem nenhuma contestação. Agora querem recontar os votos, mas o problema é que depois da apuração as urnas foram recolhidas e levadas por seguranças da Chapa 1, sem lacre e sem nossa fiscalização. Não é possível garantir sua inviolabilidade.

Contraf – O que fica ao final do processo?

Jaqueline – A alegria de que nossa proposta de um Sindicato mais democrático, com proposta coletiva e ligado às entidades nacionais e à maioria dos bancários do País tenha sido vitoriosa. Mas ao mesmo tempo triste com a divisão que ocorreu e com os métodos utilizados e agora com essa tentativa de passar por cima da vontade dos bancários.

E triste também com os métodos, porque na eleição, em lugar da disputa política, a outra chapa usou de preconceitos que não quero nem ficar relatando. Não entrarei em coisas pessoais, mas é muito estranho que pessoas da outra chapa falassem mal do PT e da CUT, dizendo que se nós fôssemos eleitos seríamos correia de transmissão do governo Lula ou do Sindicato de São Paulo.

Desprezaram a independência sindical que é um dos nossos princípios básicos. Cabe perguntar, essas pessoas saíram do PT, saíram da CUT? Não defendem mais nosso projeto de mudança do país? Mas o mais importante é que a categoria soube ouvir nossa mensagem, sem que precisássemos adotar qualquer tipo de discurso oportunista como fizeram os adversários.

Fonte: Contraf-CUT

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