O Sarasin, private bank suíço controlado pelo Rabobank da Holanda, está sendo comprado pelo Grupo Safra em um negócio avaliado em 1,04 bilhão de francos suíços ou 1,12 bilhão de dólares, depois que o grupo bancário administrado pelos netos do famoso banqueiro superou outros interessados.

O negócio, que vinha sendo discutido há algum tempo e foi anunciado na noite de sexta, permitirá ao Safra a aquisição de uma participação de controle no Sarasin. O Rabobank controla 46% do capital total e quase 69% do capital votante do banco sediado na Basileia.

"É um privilégio fazer este investimento no Sarasin, um reflexo do compromisso e confiança do Safra na força, reputação e qualidade dos negócios bancários do Sarasin, seu pessoal, clientes e potencial futuro de negócios", disse Joseph Safra, presidente do conselho de administração do grupo.

O Grupo Safra, que é formado por uma série de private banks europeus, pelo Safra National Bank of New York e pelo brasileiro Banco Safra, será obrigado a lançar uma oferta de aquisição aos acionistas minoritários do Sarasin.

O Safra, que está pagando 36 francos suíços pelas ações B do Sarasin e 7,20 francos pelas ações do tipo A, disse que pretende manter o Sarasin listado em bolsa "permitindo assim aos acionistas existentes continuar participando da história de crescimento do Sarasin".

A venda para o Safra, que tinha US$ 109 bilhões em ativos sob administração no fim de junho, é um golpe para o Bank Julius Baer, o private bank suíço que, segundo esperava o mercado, deveria assumir o controle do Sarasin. O Baer, o maior private bank "puro" da Suíça, não tem feito segredo de sua ambição de crescer via aquisições.

Ele comprou as operações suíças do ING, também da Holanda, mas foi vencido este ano na disputa pelo private bank do ABN AMRO na Suíça. Entretanto, o Baer tinha sérias restrições junto à cúpula do Sarasin. Além de choques de personalidade entre os executivos mais graduados dos dois bancos – muitos dos quais trabalharam juntos no Crédit Suisse -, o Sarasin vinha afirmando que uma venda para o Baer resultaria em demissões por causa das similaridades entre os modelos de negócios de ambos.

A venda do Sarasin acelera uma consolidação do setor de private bank na Suíça. A expectativa é de que muitos poderão mudar de dono em meio à queda dos lucros em mercados de condições difíceis, regulamentações mais duras e uma provável queda nos ativos dos clientes, na medida em que parte deles está repatriando fundos em meio a um amplo esforço de governos contra a evasão fiscal. O maior rival do Baer na disputa pelo Sarasin era o Raiffeisen, da Suíça.

Fonte: Haig Simonian – Financial Times