Carta Maior
Redação

Os sindicatos de jornalistas da região Sul do país e a federação nacional da categoria divulgaram nota oficial manifestando indignação com a atitude do grupo RBS que anunciou, segunda-feira, um processo de demissão de 130 trabalhadores, principalmente do segmento de jornais impressos. 

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos dos Jornalistas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com apoio dos Sindicatos do Paraná e do Norte do Paraná (Londrina) prometeram denunciar internacionalmente a decisão e acionar a Justiça para assegurar os direitos dos trabalhadores.

O Sindicato dos Jornalistas do RS divulgou nota oficial, quarta-feira, em no Jornal do Comércio e no Correio do Povo, de Porto Alegre, repudiando as demissões. A entidade está convocando os jornalistas gaúchos a se reunirem sexta-feira, dia 8, a partir das 17h, em frente a sede do jornal Zero Hora. “Vamos mostrar para a direção do Grupo RBS e, principalmente, vamos mostrar para a sociedade o descaso desta empresa com os profissionais que trabalharam pela construção do seu nome e credibilidade”, afirma o Sindicato.

A nota conjunta assinada pelas entidades da categoria denuncia ainda a insensibilidade da RBS que anunciou as demissões, com 48 horas de antecedência, com uma carta do presidente do grupo que qualifica a decisão como um gesto de “coragem e desapego”.

Leia a íntegra da nota:

Contra a irresponsável demissão em massa no Grupo RBS

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e os sindicatos dos Jornalistas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com apoio dos sindicatos do Paraná e do Norte do Paraná/Londrina, manifestam indignação e protesto pela atitude do Grupo RBS que anunciou, nesta segunda-feira (4), um processo de demissão em massa de 130 trabalhadores, principalmente do segmento de jornais impressos, ao mesmo tempo em que o seu presidente, em comunicado aos “colaboradores”, gaba-se do excelente momento vivido pela empresa. Além de denunciar internacionalmente este ato de irresponsabilidade, acionaremos a Justiça para assegurar os direitos dos trabalhadores.

A insensibilidade do Grupo não se manifestou somente no comunicado feito nesta segunda-feira, mas já vem se verificando há meses, com a demissão de dezenas de profissionais, muitos deles com mais de 20 anos de serviços prestados.

Sob o argumento de preservação do seu projeto empresarial, o Grupo RBS opta, sem qualquer desfaçatez, por desprezar o impacto social de suas iniciativas e mandar centenas de “colaboradores” para o olho da rua. Ao que tudo indica, o Grupo caminha aceleradamente para o sonho que alimenta há tempos: fazer “jornalismo” sem jornalistas e, de quebra, distanciar-se de sua atividade-fim, fechando jornais e ampliando seu “vínculo” com o leitor por meio da venda de vinho e cerveja pela internet.

O comunicado do diretor presidente do Grupo RBS aos funcionários soa como um deboche. Ao enfatizar que a RBS não passa por uma crise financeira, ele afirma que as 130 demissões são necessárias para buscar maior produtividade e eficiência, “principalmente na operação de jornais”. Para bom entendedor, significa ampliar o lucro com a redução de pessoal e sobrecarga de trabalho aos que permanecerem no quadro de funcionários.

Destaque-se que em nenhum momento o Grupo RBS procurou as entidades representativas dos trabalhadores para discutir alternativas que evitassem os cortes de pessoal.

Os quatro sindicatos de Jornalistas do sul do país estão, neste momento, em negociação salarial com as empresas do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Nos três estados, o comportamento patronal tem sido semelhante, marcado pela intransigência, pelo desrespeito e pela desvalorização do trabalho dos jornalistas. Os patrões espalham o terror, com ameaças e efetivação de cortes como esses ocorridos no Grupo RBS, buscando desmobilizar a categoria e obrigá-la a se sujeitar a salários e condições de trabalho aviltantes.

Em repúdio e protesto especialmente contra a demissão em massa anunciada nesta segunda-feira pelo Grupo RBS, os quatro sindicatos do sul, sob a liderança da Fenaj, já organizam um grande ato unitário para as próximas semanas, reunindo as entidades e jornalistas de toda a região.

A Fenaj, o Sindjors e o SJSC também já buscam, na Justiça, reverter as demissões imotivadas, garantir os direitos dos trabalhadores, além de outras medidas contra a política de terror que se instaurou no Grupo RBS, principalmente nos últimos meses.

Brasília, 5 agosto de 2014.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Sindicatos dos Jornalistas do Rio Grande do Sul – SINDJORS
Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina – SJSC
Sindicato dos Jornalistas do Paraná – Sindijor PR
Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná/Londrina

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