O Banco do Brasil divulgou nesta quinta-feira (14) o balanço do primeiro trimestre do ano de 2009. De acordo com o banco, o lucro líquido nesse período chegou a R$ 1,7 bilhão, ou seja, 29,1% menor do que o observado no mesmo período de 2008 e 43,4% abaixo do resultado do último trimestre de 2008.

O principal motivo da diminuição foi o aumento de 65% na provisão para créditos de difícil recuperação (PDD), que atingiu R$ 2,654 bilhões. No entanto, o índice de inadimplência (operações vencidas há mais de 90 dias/carteira total) fechou em 2,7% no trimestre, permanecendo abaixo da média do Sistema Financeiro Nacional que encerrou em 3,6%. "O BB fez um aumento que não se justifica em seus próprios números, uma vez que a inadimplência nas operações do banco continua em situação melhor do que o restante do mercado", afirma Marcel Barros, secretário-geral da Contraf-CUT e funcionário do banco. "É, no mínimo, um excesso de conservadorismo do banco que acaba prejudicando a PLR dos trabalhadores", sustenta.

A carteira de crédito total (incluindo carteira externa e prestação de garantias) encerrou o trimestre com saldo de R$ 254,4 bilhões, evolução de 41,3% em 12 meses e de 7,3% se comparado ao trimestre anterior. Vale ressaltar que o número do primeiro trimestre já considera a carteira de crédito do Banco Nossa Caixa, incorporado pelo BB. Com esse desempenho, o BB passou a contar com 18,3% de participação no Sistema Financeiro Nacional.

Contudo, neste resultado ainda não foram incluídas as receitas e despesas do banco incorporado. Com isso, o prejuízo de R$ 349 milhões da Nossa Caixa por conta dos ajustes necessários à mudança do controle acionário não estão incluídos nos dados. A partir do segundo trimestre, as receitas e despesas da Nossa Caixa estarão nos resultados do BB.

O crédito destinado a pessoas físicas teve crescimento de 67% em 12 meses e de 25,3% se comparado ao resultado do trimestre anterior. Sem a Nossa Caixa, esse crescimento seria de 5,6% na comparação com o do último trimestre de 2008. O incremento proporcionado pela Nossa Caixa na linha de crédito consignado levou o BB a alcançar 30,3% de participação do mercado e a carteira de R$ 24,4 bilhões (evolução de 94,5% em 12 meses e de 40,9% no trimestre). O financiamento de veículos atingiu R$ 7 bilhões, crescimento de 97,7% em 12 meses.

Na avaliação de Marcel, como todos os balanços de bancos, o balanço trimestral do BB mostra números contraditórios, uma vez que apresenta alguns resultados da incorporação do Banco Nossa Caixa e outros não. Além disso, segundo o dirigente sindical, as comparações com o primeiro e o último trimestre de 2008 não levam em comparação receitas extraordinárias, principalmente no último trimestre que o banco contabilizou de forma indevida os R$ 5,3 bilhões de superavit da Previ.

No que se refere ao crédito, Marcel afirma que o banco continua insistindo em linhas que não são de produção e apenas estimulam o consumo. Exemplo disso, é o crescimento estrondoso na linha de financiamento de veículos. "Os próprios números apresentados pelo banco dão conta de que a manutenção do crédito para setores produtivos e consumo continua sendo um negócio rentável, sobretudo, quando se rever as taxas de juros para baixo, garantindo mais crédito ao mercado", afirma.

Fonte: Contraf-CUT, com Michele Amorim – Fetec-SP e Agência Brasil