Empresa, que já assessora fusões e aquisições, entrou com pedido no BC para ser autorizada a atuar como instituição financeira.
 

A assessoria financeira e de mercado de capitais BR Partners está mais perto de ter um banco. O Banco Central divulgou ontem a Declaração de Propósito da empresa. Trata-se de um procedimento exigido pelo BC para apresentar diretores e sócios. Essa é a metade do processo até conseguir a autorização para atuar como instituição financeira.

Segundo o documento, o capital inicial do "BR Partners Banco de Investimento S/A" será de R$ 50 milhões. Além do banco, a intenção é criar também a BR Partners Corretora de Títulos e Valores Mobiliários S/A, que terá capital de R$15 milhões. Ao todo, o capital da BR Partners é de R$ 180 milhões.

Fundada em novembro de 2009 por executivos do mercado financeiro liderados por Ricardo Lacerda, ex-presidente do banco de investimentos do Citi Brasil, a BR Partners faz assessoria financeira e de mercado de capitais. Desde então, a empresa assessorou a Hypermarcas na compra do laboratório Mantecorp, a Magazine Luiza na aquisição da Lojas Maia e a corretora Qualicorp na venda para o fundo americano de private equity Carlyle, entre outros negócios. Como banco, a BR Partners poderá fazer, por exemplo, a emissão de ações e títulos de dívida e operações de derivativos.

Hoje, já prepara empresas para a abertura de capital. Se conseguir a autorização do Banco Central, poderá acompanhar seus clientes até o fim do processo. "Queremos estar aptos a atuar em todos os segmentos financeiros, exceto crédito", diz Lacerda.

Antes de ter entrado com o pedido no BC no fim de 2010, a BR Partners chegou a procurar aquisições entre os bancos médios, e ainda não descarta uma possível compra. O surgimento e crescimento da empresa faz parte de um fenômeno: há uma geração de banqueiros que deixou seus empregadores para alçar voo solo. Nessa leva estão a Vinci Partners, de Gilberto Sayão (ex-Pactual), a Plural Capital, de Rodolfo Riechert e André Schwartz (ambos também ex-Pactual), e a butique de investimentos Estáter, de Pércio de Souza (ex-Itaú BBA).

Dentre estes, apenas a BR Partners entrou com o processo para se tornar banco. "Acreditamos que há espaço para um banco de investimentos independente dos grandes conglomerados financeiros. O movimento de desregulamentação que ocorreu na década de 90 e início do milênio está em processo de reversão. As diferentes crises financeiras levarão a uma nova regulamentação do setor e a um escrutínio maior da indústria de serviços financeiros pelos reguladores", afirma Lacerda.

Sócios

A holding controladora da BR Partners tem entre seus principais acionistas Lacerda, com 36% das ações com direito a voto, e Andrea Capelo Pinheiro, ex-banco BMC e ex-diretora do Bradesco, com 9,5%. A empresa também concentra investimentos de 12 famílias brasileiras, dentre elas Alves de Queiroz, da Hypermarcas, Feffer, do grupo de papel e celulose Suzano, Vasone, do Grupo Localfrio, e Verdi, das empresas Rodobens.

A criação de um banco e uma corretora é a mais recente das ambições de crescimento da BR Partners. No início do ano, a assessoria recebeu a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) para operar uma gestora de recursos, com fundos multimercado e de private equity (de compra de participação em empresas). "Estamos olhando investimentos minoritários em empresas de médio porte, onde haja um modelo de negócios consolidado. Estamos avançados com negociações nos setores de varejo e serviços", diz Lacerda.

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