A Caixa Econômica Federal tem na sua carteira de crédito imobiliário R$ 20 bilhões em contratos passíveis de securitização. Segundo o vice-presidente da instituição, Jorge Hereda, depois de testar o mercado, ainda em 2010, com uma emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) de R$ 500 milhões, a ideia é que o instrumento passe a complementar as fontes tradicionais da poupança e do FGTS. Apetite para esse tipo de ativo há, garante. "Em recentes consultas, o banco identificou demanda até mesmo junto a fundos soberanos da Ásia e do Oriente Médio."

Na conta de R$ 20 bilhões – de um total de R$ 85 bilhões – estão os contratos fora do âmbito do FGTS e as operações destinadas à alta renda, com taxas mais atrativas sob a ótica do investidor, principalmente num momento em que os juros pagos em economias maduras como Estados Unidos e na zona do euro tendem a zero. "São contratos padronizados, com taxas de juros compatíveis e que poderiam compor um casamento perfeito de prazos."

Hereda estima que num intervalo de dois anos haja um fluxo de mercado para essas operações, convertidas, primeiro, em Cédulas de Crédito Imobiliário (CCI), podendo ser empacotadas depois em CRI. O setor espera, porém, que Fazenda e Banco Central (BC) ajustem a regra do CRI, que hoje permite apenas que os títulos comprados por bancos no mercado sirvam para cumprir a exigibilidade da poupança. O pleito é que os CRI originados na própria instituição também cumpram tal papel.

Para este ano, o orçamento da Caixa para o segmento foi revisto e a previsão é de que o banco aplique mais de R$ 70 bilhões – de uma meta inicial da ordem de R$ 50 bilhões. Neste ano, o banco contratou R$ 47,6 bilhões, volume que supera os desembolsos de todo ano passado, de R$ 47,05 bilhões. O volume foi turbinado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, com 355,4 mil unidades financiadas, envolvendo R$ 35,85 bilhões.

Para 2011, a Caixa parte de uma meta de mais R$ 70 bilhões. Até lá as fontes tradicionais de captação são suficientes para cobrir a demanda. Ele pondera que a securitização ganhará importância para o mercado, especialmente se a tendência de longo prazo de juros menores se confirmar.

"Em três ou quatro anos, quando a Selic estiver em 7%, 8% ao ano, o financiamento pode vir da tesouraria, daí não se discute mais a poupança", diz. "E para não carregar os recursos e fazer isso de forma sustentável, tem que ser com securitização."

Fonte: Valor Econômico /  Adriana Cotias

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