Os funcionários da terceirizada Fidelity mantiveram na segunda-feira 28 a adesão à greve nacional dos bancários. Todos sites da empresa (São João, Vila Matilde, Limão e Osasco) que aderiram ao movimento na sexta 25 permanecem mobilizados.

Na São João, por exemplo, cerca de 400 funcionários cruzaram os braços na sexta, representado 90% do quadro lotado na unidade. Praticamente só a chefia trabalhou.

"Os funcionários da Fidelity cansaram de esperar as promessas que a empresa fez há mais de três anos e até agora não cumpriu, entre elas a redução da jornada para seis horas diárias e a equiparação de alguns direitos com a categoria bancária. Também estamos esperando que a empresa negocie com seriedade as reivindicações que apresentamos. Essa greve é para pressionar, mas também para lavarmos a nossa alma. Chega de exploração! Os trabalhadores estão fartos de tanta pressão, dos salários ridículos, da falta de respeito da Fidelity", explica Lindiano José da Silva, diretor da Contraf-CUT.

Uma funcionária da Fidelity que aderiu à greve explicou que trabalhar na terceirizada não é nada fácil. Segundo ela, a empresa paga pouco e explora muito. "É por isso que eu participo de todas as greves que o Sindicato organiza. A Fidelity não está nem aí para seus empregados e agora apresentou uma proposta vergonhosa, que não atende as nossas reivindicações. A greve é nossa resposta, vou participar até o fim e vou mobilizar meus colegas para aderir também", afirma.

Outra funcionária do departamento de digitação e compensação destaca que seu trabalho é típico de um bancário, mas que ela não ganha o mesmo salário e nem tem os mesmos direitos da categoria. "O único direito que eu tenho igual ao do bancário é a jornada de seis horas. Eu queria ter PLR e, principalmente, um auxílio-educação, pois meu sonho é fazer uma faculdade, mas não posso porque meu salário é pequeno. Se os bancários precisaram entrar em greve para que suas reivindicações sejam atendidas, imagine os terceirizados, que são mais explorados ainda. Por isso eu acho que essa greve é justa, mas também é muito útil, pois a Fidelity vai ver como nosso trabalho é importante", ressalta.

Um empregado da Central de Operações da Fidelity destaca que tanto a empresa quanto os bancos ganham muito dinheiro com as terceirizações. "Podiam respeitar um pouco os terceirizados e, no mínimo, pagar os mesmos direitos e benefícios que os bancários recebem. Afinal, meu trabalho é igual ao de um bancário, então por que eu tenho de ganhar menos?", questiona.

Ele acha que a proposta apresentada pela Fidelity para seus funcionários é "péssima", principalmente no que se refere aos valores dos vales alimentação e refeição. "Meu tíquete sempre termina lá pelo dia 20, 25. Aumentar essa merreca que eles estão propondo não vai resolver nada. Isso não é um vale-refeição é um vale-coxinha, como diz o Sindicato", comenta.

Interdito

Assim que os funcionários da Fidelity da avenida São João iniciaram a paralisação, uma viatura da Polícia Militar chegou ao local com um interdito proibitório. Eram 12h38 quando um sargento e um soldado desceram do carro para cumprir a ordem judicial que, na verdade, serve exclusivamente para retomar a posse de uma propriedade. Cinco minutos depois, outra viatura chegou ao local e, na seqüência, mais uma.

Apesar das três viaturas e dos seis policiais convocados pela Fidelity, o bom senso e a educação do sargento permitiram que a greve continuasse normalmente. "Pelo que eu entendi do interdito, vocês só não podem impedir que os trabalhadores que não queiram aderir à greve entrem no prédio. No mais, podem continuar com a mobilização de vocês, pois os motivos são justos e o trabalhador tem todo direito de lutar pelas suas reivindicações", disse o sargento.

Fonte: Seeb São Paulo

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