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percentual_.jpgEm direção oposta a maioria das capitais brasileiras, cesta básica pessoense apresenta nova redução em agosto – Em agosto de 2011, a cesta básica pessoense novamente teve uma ligeira queda, e os produtos que mais influenciaram esta redução foram tomate e óleo de soja. Mas vale salientar, que mesmo o preço total da cesta diminuindo, foi verificado um aumento de 8 produtos. Neste mês, o custo dos insumos básicos variou em cerca de -0,94% em relação ao mês de julho.

Comparando a pesquisa entre as capitais, observa-se que Rio de Janeiro (4,82%), Porto Alegre (4,49%), Curitiba (2,19%), Aracaju e Florianópolis (as duas últimas com elevação de 2,02%) apresentaram os maiores aumentos. As retrações mais significativas foram apuradas em Fortaleza (-4,13%) e Natal (-1,70%).

No oitavo mês de 2011, dos 12 produtos registrados pela pesquisa em João Pessoa, apenas 4 apresentaram queda: tomate (-15,83%), óleo de soja (-2,46%), feijão (-1,78%), e manteiga (0,19%).  Dos 8 produtos que apresentaram alta, destaca-se o açúcar que cresceu seu preço em 3,83% , banana (3,8%) e café (3,54%). Os outros produtos que apresentaram aumento nos preços foram: arroz (2,65%), carne (2,27%), farinha (1,5%), leite (1,94%), pão (0,65%) e manteiga (0,29%).

João Pessoa continua possuindo a segunda cesta básica mais barata entre as 17 capitais onde o DIEESE realiza a pesquisa mensal. Com um valor de R$ 202,47, a cesta pessoense está atrás apenas do custo registrado em Aracaju (R$ 187,73).

Tabela 1 – Quanto se trabalha para comer em João Pessoa
Variação mensal em Agosto de 2011

Produtos

Quantidades

Gasto mensal

Variação
mensal (%)

Tempo de trabalho

Agosto
2011

Julho
2011

Agosto
2011

Julho
2011

Total da Cesta

 

202,47

204,40

-0,94

81h44m

82h31m

Carne

4,5 kg

66,78

65,30

2,27

26h57m

26h22m

Leite

6 l

12,60

12,36

1,94

5h05m

4h59m

Feijão

4,5 kg

14,94

15,21

-1,78

6h02m

6h08m

Arroz

3,6 kg

5,80

5,65

2,65

2h20m

2h17m

Farinha

3 kg

6,09

6,00

1,50

2h28m

2h25m

Tomate

12 kg

24,24

28,80

-15,83

9h47m

11h38m

Pão

6 kg

36,30

36,06

0,67

14h39m

14h33m

Café

300 g

3,22

3,11

3,54

1h18m

1h15m

Banana

7,5 dz

12,30

11,85

3,80

4h58m

4h47m

Açúcar

3 kg

6,51

6,27

3,83

2h38m

2h32m

Óleo

900 ml

3,17

3,25

-2,46

1h17m

1h19m

Manteiga

750 g

10,52

10,54

-0,19

4h15m

4h15m

Variações acumuladas

Em João Pessoa, nos oito primeiros meses de 2011, os produtos que apresentaram redução em seus preços foram: feijão (-19,42%), arroz (-11,99%), manteiga (-3,57%) e carne (-1,46%). Quanto aos produtos que apresentaram altas foram: tomate (60,32%), banana (21,42%), café (15,83%), açúcar (8,5%), farinha (7,98%), óleo de soja (5,67%) e pão (3,24%). O leite foi o único produto que teve variação nula.

Alimentação básica da família pessoense custa R$ 607,41

Em João Pessoa, o custo da cesta básica, para o sustento de uma mesma família durante um mês, conforme cálculo adotado pelo DIEESE, foi de R$ 607,41 no mês de agosto, o equivalente a aproximadamente 1,11 vezes o salário mínimo bruto de R$ 545,00. Vale destacar, que este cálculo toma por base uma família composta por 2 adultos e 2 crianças, que por hipótese, consomem o mesmo que 1 adulto.

Comprometimento do Salário Mínimo com a Cesta Básica em João Pessoa é de 40,38%

Para comprar os alimentos essenciais, um trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir, em agosto uma jornada de 81 horas e 44 minutos. Em julho este valor era de 82 horas e 31 minutos. Em agosto de 2010, a jornada exigida era de 79 horas e 04 minutos.

Quando a comparação é feita com o salário mínimo líquido (após o desconto da parcela correspondente à Previdência), o resultado é semelhante. Em agosto, o custo médio da cesta representou 40,38% do mínimo líquido, já o de julho ficou em 40,77%. Em agosto de 2010 este percentual era de 39,07%.

Salário Mínimo Necessário: R$ 2.278,77

Com base no maior valor apurado para a cesta e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o salário mínimo necessário. Para agosto, seu valor foi calculado em R$ 2.278,77 – que corresponde a 4,18 vezes o mínimo em vigor, de R$ 545,00. Para julho, o piso mínimo era estimado em R$ 2.212,66, ou 4,06 vezes o menor valor pago no país, enquanto em agosto de 2010, quando os preços dos gêneros essenciais estavam em queda, o mínimo necessário era calculado em R$ 2.023,89, o que corresponde a 3,97 vezes o piso de então, de R$ 510,00.

Comportamento dos preços nas capitais

A maioria dos itens que compõem a cesta básica teve predominantemente alta em agosto, contribuindo para o aumento do custo do conjunto de produtos alimentícios essenciais em grande parte das localidades pesquisadas.

O açúcar – cuja produção este ano foi prejudicada pelas condições climáticas, com muita chuva reduzindo o teor de sacarose, seguido de excesso de sol no período da colheita – teve aumento em 16 capitais, com destaque para Brasília (11,54%), São Paulo (9,05%), Salvador (7,69%), Florianópolis (6,15%) e Goiânia (6,11%). Apenas em Belém não houve alteração de preço. Na comparação anual, a elevação foi apurada em todas as 17 capitais, com variações entre 13,51%, em Natal e 42,96%, em Belo Horizonte. Patamar acima de 40% também foi encontrado em Aracaju (42,94%) e Vitória (41,18%).

Treze capitais registraram aumento no preço da carne, em agosto, em especial no Rio de Janeiro (5,74%), Vitória (4,74%) Brasília (4,08%) e Florianópolis (4,02%). Houve estabilidade em Porto Alegre e reduções foram observadas em Fortaleza (-1,06%), Salvador (-1,12%) e Natal (-1,59%). Nos últimos 12 meses, o preço da carne subiu em todas as 17 capitais, com os aumentos mais expressivos apurados em Florianópolis (25,05%), Fortaleza (24,93%), Rio de Janeiro (23,22%), Belém (23,09%) e Belo Horizonte (23,04%), enquanto três regiões registraram elevações inferiores a 10%: Salvador (9,49%), Porto Alegre (8,09%) e Goiânia (5,83%). As geadas no Sul e em Mato Grosso do Sul, importantes regiões produtoras, queimaram as pastagens que ainda foram prejudicadas pelo sol muito forte que seguiu o período de chuvas, e acabou com o capim, provocando perda de peso do gado.

Fortes chuvas e geadas prejudicaram também a produção da banana, item cujo preço subiu em 12 capitais, como se verificou em Natal (12,20%), Rio de Janeiro (9,41%) e Porto Alegre (8,21%). Em cinco locais o preço caiu, com destaque para Salvador (-8,56%) e Florianópolis (7,18%).

Leite, arroz e café tiveram alta, em agosto, em 11 localidades.

Para o leite, os maiores aumentos foram registrados em Vitória (3,24%), Recife (2,83%) e Rio de Janeiro (2,74%). Aracaju, Belo Horizonte e Porto Alegre não apresentaram variação e recuos foram apurados em Belém (-0,41%), Curitiba (-0,46%) e Brasília (-2,35%). No período anual, houve aumento em 15 cidades, lideradas por Belo Horizonte (18,84%), Vitória (13,33%), Manaus (13,30%) e Rio de Janeiro (13,28%). Em Aracaju o preço não se alterou e em Brasília houve redução de 0,64%. Da mesma forma que para a carne, o comprometimento das pastagens por geadas seguidas por período de muito calor contribuiu para diminuir a produção do leite e elevar o preço do produto.

No caso do arroz, pesadas chuvas e inundações prejudicaram a produção. A principal alta ocorreu em Aracaju (17,38%), vindo a seguir Goiânia (7,32%) e Fortaleza (6,21%). Em Belo Horizonte e Curitiba os preços permaneceram estáveis. Variações negativas foram apuradas em Porto Alegre (-0,64%), Salvador (-1,16%), Vitória (-1,29%) e Manaus (-2,05%). Em 12 meses, porém, o arroz está mais barato em todas as capitais, registrando variações entre -2,24%, ocorrida em Aracaju e -15,30%, encontrada em Porto Alegre e Salvador. Para esta redução de preço no ano concorreu o fato de o governo estar incentivando a produção, seja com financiamento subsidiado ou política de garantia de preço.

O preço do café, em agosto, teve os maiores aumentos anotados em João Pessoa (3,54%), Brasília (3,16%) e Curitiba (3,01%). Houve estabilidade em Recife e redução em cinco cidades, em especial, em Salvador (-2,24%) e Goiânia (-1,77%). Todas as 17 capitais pesquisadas registraram alta no café, em comparação com agosto de 2010 e em 16 delas a elevação foi superior a 10%. Os principais aumentos ocorreram no Rio de Janeiro (23,97%) e em Curitiba (20,85%), e apenas em Aracaju (2,92%) a variação foi mais modesta.

Dez localidades apresentaram alta no preço do pão, em agosto, a mais expressiva apurada em Salvador (7,48%). Dentre as seis cidades com redução, o destaque foi Brasília (-2,89%), enquanto em Belém houve estabilidade. Já em comparação com agosto do ano passado, houve aumento em todas as regiões, com as maiores taxas apuradas em Fortaleza (11,78%) e Rio de Janeiro (11,32%) e as menores em Salvador (0,20%) e Brasília (0,17%). A produção do trigo foi prejudicada pelas geadas no sul do país, em particular, no Paraná.

O tomate, produto cujo preço é sujeito a oscilações, apresentou fortes aumentos em nove capitais, com as maiores variações verificadas em Porto Alegre (37,23%) e no Rio de Janeiro (20,92%). As quedas mais acentuadas ocorreram em Fortaleza (-23,08%) e João Pessoa (-15,83%). Na comparação anual, o tomate está mais caro em todas as regiões, com taxas muito expressivas em localidades como Rio de Janeiro (104,96%), Salvador (97,84%) e Brasília (96,21%). As bruscas alterações no clima foram a causa dos aumentos.

O óleo de soja registrou queda de preço na comparação com o mês passado em 11 capitais, com destaque para Salvador (-8,44%). Houve estabilidade em Goiânia e aumento em cinco cidades, o único significativo apurado em Fortaleza (11,08%).  Em 12 meses, o preço subiu em todas as localidades pesquisadas, com aumentos que variaram entre 16,00%, em Porto Alegre e 33,46%, em Fortaleza.

Fonte: Dieese – PB / Renato Silva 

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