O Citigroup estuda a possibilidade de se retirar das operações de financiamento ao consumidor em mais alguns países. A medida é uma tentativa de baixar os custos e aumentar os lucros, segundo duas pessoas bem-informadas sobre o assunto.

Em dezembro, o Citigroup informou que estava se retirando das operações de crédito ao consumidor ou de banco de varejo em cinco países (Paquistão, Paraguai, Romênia, Turquia e Uruguai), como parte de um plano de redução de gastos que representará uma economia de US$ 1,1 bilhão ao ano, fechando 11 mil postos de trabalho. As reduções foram uma das primeiras iniciativas de peso de Michael Corbat como principal executivo da instituição, cargo que assumiu em outubro.

"Há mais [países] na lista", disse fonte familiarizada com a situação. O banco examina há meses países, segmentos de clientes e produtos a serem cortados, disse a fonte, que preferiu, no entanto, não identificar qualquer dos novos países.

Sean Kevelighan, porta-voz do Citigroup, disse que o banco está concentrado em cidades de maior relevância, com o maior potencial de crescimento, para manter sua divisão de banco de varejo, e que vai continuar a investir em sua área de atuação e a otimizar seus ativos.

O Citigroup é um dos mais internacionais dos bancos americanos. Atende consumidores em 40 países, dos 100 em que tem algum tipo de presença. Qualquer corte deverá representar uma redução da carteira, e não uma reavaliação total do envolvimento do banco com as operações mundiais de varejo.

Fora dos EUA, apenas três países (México, Coreia do Sul e Austrália) respondem por 50% dos empréstimos da empresa ao consumidor, e a presença do banco em muitos outros países é muito pequena.

Os investidores disseram que reduzir as dimensões em alguns mercados faz sentido. "Se a empresa não tem uma presença significativa, não deveria estar lá", disse Mark Mandell, diretor de carteira da Dalton Investments, que tem US$ 1,8 bilhão administrados, entre os quais ações do Citigroup.

Vender agora qualquer dos ativos no exterior será difícil. Outros bancos do mundo inteiro também vêm fechando operações no exterior e pode ser difícil encontrar compradores. O HSBC Holdings, sediado em Londres, por exemplo, vendeu mais de 40 empresas e outros ativos, como carteiras de cartões de crédito, em âmbito mundial desde 2011, mas algumas vezes houve grande dificuldade em obter os preços que queria.

O Citigroup tem, além disso, algumas complicações adicionais. O banco está usando cerca de 50% de seu capital para sustentar ativos não quitados e benefícios fiscais referentes aos enormes prejuízos que registrou durante a crise financeira.

Falando numa teleconferência com analistas e investidores no início deste mês, Corbat disse pretender fazer avaliações regulares sobre "como, onde e com quem" a empresa gera receita, para que o processo de redução de custos seja implantado como algo mais incorporado ao dia a dia, e não como um procedimento extraordinário. Analistas pressionaram Corbat, sem sucesso, a dar mais detalhes sobre os demais países em que poderá se centrar na redução de custos.

Corbat, que anteriormente supervisionava operações da empresa na Europa, Oriente Médio e África, disse que, com o passar do tempo, diretores lotados em diferentes países tendem a se expandir ao assumir negócios tangenciais, e acabam sobrecarregando a empresa com operações irrelevantes e ineficientes. Outros executivos do banco já reclamaram no mesmo sentido no passado.

Uma das alternativas mais radicais discutidas anteriormente por executivos do Citigroup foi desmembrar, como empresa independente, sua divisão Banamex, o segundo maior banco do México, por meio de uma oferta pública de ações no país. As autoridades reguladoras mexicanas provavelmente autorizariam um Banamex independente a operar com menos capital, e isso aumentaria sua lucratividade, disse uma das fontes.

A subsidiária brasileira do Citigroup pretende vender sua divisão Credicard de financiamento ao consumidor, como parte do esforço para se concentrar nas áreas mais lucrativas, segundo informou o Valor. Um representante do Citigroup preferiu não comentar.

Fonte: Valor Econômico / David Henry / Reuters

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