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cut.jpgHá 26 anos os trabalhadores brasileiros não tinham praticamente nenhum direito. Não existia aviso prévio, nem 13º salário, 50% de hora extra, um terço a mais do salário nas férias, licença-paternidade. A jornada de trabalho era maior (48 horas semanais), a licença-maternidade era bem menor (84 dias), os salários podiam ser reduzidos e os trabalhadores não tinham nem o direito de fazer greve.

Essa história começou a mudar quando os bancários e metalúrgicos decidiram resistir e enfrentar os militares que mantinham um rígido regime ditatorial no Brasil. Outras categorias juntaram-se a essa luta, que resultou na fundação da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, em 28 de agosto de 1983.

Hoje, às vésperas de completar 26 anos, a CUT é a maior central sindical da América Latina e a quinta maior do mundo, representando mais de 21 milhões de trabalhadores divididos em cerca de 3.300 sindicatos espalhados por todos os ramos de atividade econômica no país inteiro.

Em mais de duas décadas e meia de luta, foram incontáveis as conquistas que a CUT garantiu para os trabalhadores brasileiros e que ajudaram a tirar da miséria absoluta mais de 25 milhões de pessoas.

A secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, comenta que para os brasileiros que ingressaram no mercado de trabalho nos últimos anos pode parecer que os direitos que hoje são comuns nas relações trabalhistas formais sempre vigoraram no país. "Muito pelo contrário. A maior parte dos direitos que temos hoje foi conquistada com muita luta, mobilização dos trabalhadores e acirradas disputas políticas", diz.

"A pressão dos trabalhadores reunidos em torno dos sindicatos cutistas foi responsável pela inclusão de toda a rede de proteção social instituída a partir da Constituição de 1988", destaca o dirigente bancário Vagner Freitas, secretário nacional de Política Sindical da Central.

Para os bancários

Boa parte dos direitos que os bancários têm foi arrancada depois da fundação da CUT. Nesses últimos 26 anos, a categoria conseguiu uma Convenção Coletiva nacional, garantiu parte do lucro que ajuda a gerar para os bancos em forma de PLR, consolidou sua jornada de trabalho diferenciada e conquistou muitos outros direitos que serviram de exemplo para os demais trabalhadores, como a cesta-alimentação e o vale-refeição.

Concut vem aí

A CUT se prepara para a realização do seu 10°Congresso Nacional, o Concut. Durante cinco dias, de 3 a 8 de agosto, mais de 2.500 delegados de todo o país, representando todas as categorias e setores de atividades, debaterão propostas de ação sindical para os próximos três anos.

Alguns itens da pauta são a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável centrada no trabalho e a ampliação de políticas públicas com maior controle social sobre o Estado.

"Modelo de desenvolvimento, produção, consumo, meio ambiente, democracia, papel do Estado. Tudo isso está ligado a um debate dessa principal via de estratégia que é o enfrentamento da crise e o pós-crise. E a segunda linha de estratégia da CUT é a ampliação de base da representação da CUT, a necessidade da gente organizar os trabalhadores a partir do local de trabalho e o papel destes trabalhadores no sindicato", diz Artur Henrique, presidente da Central.

Fonte: Fábio Jammal Makhoul – Seeb São Paulo