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Crédito: Seeb PA/AP

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Os últimos resultados apresentados pelo Banco da Amazônia não têm agradado os funcionários dos 11 estados em que o banco atua. Junto com a insatisfação, a categoria tem que trabalhar sob pressão de metas e ainda conviver com o autoritarismo da atual diretoria da empresa.
 

Apesar de todo esse descontentamento, os bancários e bancárias de toda a Amazônia Legal e mais o Distrito Federal e São Paulo – estados onde o banco atua, acreditam que um outro Banco da Amazônia é possível, prova disso, foram os mais de 50 delegados e observadores presentes no II Congresso dos Empregados do Banco realizado no sábado, 17 de julho, em Belém (PA), onde juntos, construíram a pauta específica do banco e que norteará as mesas de negociação desta Campanha Nacional.

Entre os convidados, Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Sônia Rocha, presidente da Fetec-CUT/CN e o economista, Hélio Mairata, que também já foi empregado do banco e de uma forma bem dinâmica e descontraída apresentou à categoria os ‘Desafios da Campanha Nacional dos Bancários em ano de eleição’. Antes disso, foi aprovada por unanimidade a minuta do Congresso.

Para o economista Hélio Mairata, "2010 será um ano favorável às negociações salariais, com expectativa de um reajuste maior que o do ano passado", diz Hélio.

Em contrapartida, o Sistema Financeiro foi um dos que gerou menos empregos no primeiro trimestre do ano, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged): apenas 0,43% dos 657.259 novos postos de trabalho criados por toda a economia brasileira no período, sendo que a Região Norte apresentou o menor resultado positivo no saldo de empregos (111).

É também na Região Norte onde se concentra o maior número de agências do Banco da Amazônia, local onde justamente a empresa deveria investir mais e promover o desenvolvimento da região que é a sua principal missão, porém os lucros não possibilitam isso, pelo contrário, têm virado sinônimo de prejuízo.

Por este motivo a categoria presente no congresso aprovou por ampla maioria, um movimento nacional pela saída do presidente do banco, sr. Adidias Júnior, com apoio dos Sindicatos dos estados onde a empresa está presente, da AEBA, Contraf-CUT e Fetec-CUT/CN. "Essa atual gestão, é uma gestão sem compromisso, por isso não merece continuar onde está", apoia o vice-presidente do Sindicato e presidente da AEBA, Sérgio Trindade.

Outras moções – Os congressistas também aprovaram que os Sindicatos encaminhem solicitação ao Ministério Público para investigar os contratos de terceirização de tecnologia do banco; e apoio ao projeto de Lei 6.259/05, que dispõe sobre a isonomia salarial, benefícios e vantagens dos empregados do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia.

O secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira aproveitou o evento para ressaltar a importância da mobilização da categoria nesta Campanha que antecede as eleições.

"É importante fazer debate com a categoria e com a sociedade sobre o papel dos bancos públicos, que não é o de disputar mercado e vender títulos, mas de desenvolver a região; e a definição desse papel de fomento também parte da visão de governo. Aí está a ligação: o nosso voto vai definir o Banco da Amazônia que queremos e a quem ele vai servir", afirma Miguel.

Reiterado pelo diretor financeiro do Sindicato e também empregado do Banco da Amazônia, Rômulo Weyl, "o banco fez aniversário esse ano, mas a categoria não teve nada para comemorar, por isso, é importante a união e o fortalecimento da categoria para provar o quão estamos insatisfeitos e não admitidos mais tamanha intransigência", afirma Rômulo.

Troca de experiências – O evento contou com a participação de representates de toda a Amazônia Legal, exceto Tocantins, e mais o Distrito Federal e São Paulo, que apesar da distância dividem os mesmos problemas e sonhos expostos no Congresso, que foi aprovado por todos. "Espero que esta iniciativa continue por muitos mais anos, pois é uma forma de unir forças de bases diferentes em prol de uma única categoria", destacou o delegado sindical do Maranhão, Raimundo Quintanilha.

Os congressistas também se reuniram em quatro grupos de trabalho temático – Estratégias de Organização da Campanha Salarial 2010, Saúde e Condições de Trabalho, Emprego e Remuneração e O papel do Banco da Amazônia no contexto do Sistema Financeiro Nacional (SFN); construíram suas pautas específicas que foram levadas para votação e aprovadas por ampla maioria. Confira!

Estratégias de Organização da Campanha Salarial 2010

– Retomada das mesas específicas;
– Assembleias e reuniões no local de Trabalho;

– Viabilizar ampla divulgação da Campanha por meio de jornais, tv’s, boletins informativos, cartilhas populares, bótons;

– Incorporar o Seminário da AEBA, a ser realizado no próximo mês, como parte da Campanha Salarial.

Saúde e Condições de Trabalho

– Atualização das cláusulas 12 e13; 18, 24 e 33 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), referentes a CIPA´S e SIPAT, prevenção a doenças e acidentes de trabalho, exames médicos e adicionais de insalubridade e periculosidade, respectivamente;
– Incluir no ACT as cláusulas 37 (programa de qualidade de vida), 38 – (modificado redação – espaço para descanso), 39 (plano de saúde para aposentados), 45 (comissão paritária para seleção interna e promoções), 46 (carência de infraestrutura básica), 47 (seguro – custeio parcial), 49 (movimentação de pessoal), 51 (auxílio-medicamento), 54 (plano de saúde e odontológico) e 58 (comunicado de retorno ao trabalho);
– Avançar no combate ao assédio moral ampliando a reivindicação de acordo com a minuta da Contraf-CUT;
– Que o COMIR assegure ampla defesa ao empregado, não seja apenas punitivo, mas também preventivo, formado por uma composição paritária onde os representantes dos empregados sejam eleitos de forma direta;
– Instalação do ponto eletrônico, como em todas as unidades, estabelecendo um prazo específico ao banco para instalação (prioridade);
– CASF
1) Banco: que a empresa se responsabilize pelo ressarcimento de 100% da quota extra, como praticado nos outros bancos federais,

2) AEBA e Sindicato: Contratação de funcionários e estagiários em outros estados – Programa Agente CASF, credenciamento de mais profissionais da saúde, manutenção do ambulatório de Manaus;
– Contratação de novos empregados de acordo com o limite estipulado pelo DEST, visando a diminuição da sobrecarga de trabalho, especialmente nas agências.

Emprego e Remuneração

– Atualização das cláusulas da Minuta 2008/2009;
– Alteração da cláusula sobre ausências abonadas de tal forma que esta possibilite o acúmulo e conversão em espécie dos 5 dias de abono assiduidade;
– Concessão de crédito com juros diferenciados para financiamento de imóveis e veículos, inclusive para os créditos pessoais;
– Distribuição da PLR de forma linear.

O Papel do Banco da Amazônia no contexto do Sistema Financeiro Nacional

– Defender a missão desenvolvimentista do banco a fim de acelerar a redução da pobreza e a desconcentração da renda a nível intra-regional em sua área de atuação.

Resolução política – Linhas de Ação:

– Aumentar a capilaridade, com abertura de agências e postos de serviço nas áreas de menor desenvolvimento e até mesmo instituir a categoria de agentes de desenvolvimento volantes;
– Enfocar principalmente metas de crédito de fomento;
– Avançar de fato no apoio aos arranjos produtivos locais;
– Expandir o micro crédito e o crédito solidário;
– Atuar como prestador de serviços empresariais na identificação e formação de empreendedores;
– Agilizar o sistema operacional de deferimento do crédito de fomento;
– Exigir que o banco garanta a melhoria da qualidade de vida dos seus empregados através da resolução de: PCCS; CAPAF; CASF; Plano Odontológico; Participação nos Lucros e Resultados.

Propostas adicionais

– Que a distribuição da PLR seja feita também considerando o atingimento das metas sociais de banco de desenvolvimento, como ocorre com a Caixa Econômica Federal;
– Ampliar a PLR dos atuais 6,25% para 12,50%;
– Encampar luta pela regulamentação do SFN, incorporando a criação de mecanismos de retenção da poupança regional como preceitua o art. 192 da Constituição Federal;
– Participação de representantes eleitos pelos empregados no Conselho de Administração do banco;
– Responsabilizar a direção superior da empresa e seu controlador majoritário, a União; pela insuficiência na execução da política de desenvolvimento regional, expressa na última colocação do Norte no ranking de redução da pobreza e da desigualdade, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fonte: Seeb PA/AP, com AEBA

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