Mobilização no Rio acentuou extermínio da juventude negra

Sob o tema “A juventude que ousa lutar constrói o projeto popular”, milhares de pessoas participaram no Grito dos Excluídos, que há 19 anos reúne jovens, trabalhadores e movimentos sociais em todo país, fazendo contrapontos aos desfiles oficiais de 7 de setembro.

Em São Paulo, oito mil pessoas marcharam no último sábado da Praça Oswaldo Cruz à Assembleia Legislativa de São Paulo. Em um protesto pacífico, os manifestantes pediram o fim da violência na periferia, em especial dos assassinatos de jovens negros cometidos pela polícia.

“O Mapa da Violência de 2012 mostra que os jovens negros são as principais vítimas dos homicídios nos centros urbanos, 53% do total”, dizia a carta aberta distribuída para a população. “Responsável por parte significativa dessas mortes, a polícia paulista mata mais que toda a polícia dos Estados Unidos”, denunciava o texto.

“O extermínio da juventude negra mata mais do que muitas guerras por aí”, afirmou o coordenador da Central dos Movimentos Populares, Raimundo Bonfim. “A juventude é a maior vítima do capital. Os jovens são os que ficam com os piores empregos, piores salários e piores serviços de educação e saúde.”

A secretária de comunicação da CUT de São Paulo, Adriana Magalhães, lembrou que os jovens são os que mais sofrem com a perda de direitos trabalhistas. “Eles são a maioria dos terceirizados e dos desempregados”, disse. “Por isso estamos aqui pedindo o fim do Projeto de Lei (PL 4330) da terceirização”.

Rio de Janeiro

O dia da Independência do Brasil contou com manifestações em diversos locais do Rio. Pela manhã, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda participaram do Grito dos Excluídos. A principal pauta foi o problema do extermínio da juventude negra.

Houve grande participação de jovens. A universitária Camila de Araujo, de 19 anos, considerou que o movimento ganhou mais visibilidade por conta das mobilizações de junho. “Foi maior que o ano passado. Foi muito bacana ver bastantes bandeiras de diversos movimentos lutando pelo mesmo ideal”.

Centenas de manifestantes caminharam da Cinelândia ao Palácio Guanabara, sede do governo do Estado. Em sua maioria vestidos de preto, o grupo foi barrado pela polícia. Eles protestavam contra o governador Sérgio Cabral e pelo fim da Polícia Militar.

Belo Horizonte

As ações contra o PL 4330, que torna a terceirização ilimitada; a denúncia de que o governo do Estado, descumprindo a Constituição, deixou de gastar R$ 8 bilhões na educação nos últimos dez anos; e o plebiscito popular pela redução da tarifa de energia e do ICMS, programado para outubro. Estas foram três das lutas que a CUT de Minas Gerais e sindicatos defendeu, em Belo Horizonte, no Grito dos Excluídos.

Para a presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, a luta da Central com os movimentos sociais tem contribuído na busca de impedir o avanço do neoliberalismo no Estado e a perda de direitos dos trabalhadores.

“A CUT-MG também traz a luta contra a terceirização. O projeto que está no Congresso significa a ampliação da precarização e traz a morte. Hoje, no Brasil, existem 12 milhões de terceirizados e a terceirização é responsável pelo maior número de acidentes fatais. Na Cemig, morre um trabalhador terceirizado a cada 45 dias. Temos que impedir que este projeto seja aprovado.”

Recife

Cerca de duas mil pessoas ligadas aos movimentos sindicais e sociais participaram da passeata em Recife, cujo tema foi “Juventude que ousa lutar, constrói o projeto popular. O presidente da CUT em Pernambuco, Carlos Veras, destacou a importância da participação e do diálogo com a sociedade.

Também foram destacadas lutas como o fim do fator previdenciário; a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais; não ao PL 4330, que permite a prática da terceirização de serviços; a democratização dos meios de comunicação, o transporte público de qualidade, 10% do PIB para a educação; e 10% do orçamento da saúde.

Porto Alegre

Na capital gaúcha, os manifestantes do Grito dos Excluídos realizaram uma caminhada pela avenida Borges de Medeiros até a avenida Loureiro da Silva, local do desfile de 7 de setembro, onde marcharam após os militares. O representante do Coletivo Estadual das Pastorais Sociais e um dos organizadores do evento, Waldir Bohn Gass, explicou que a ideia é chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos jovens, como a violência e o extermínio, principalmente nas periferias das cidades.

Para o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o Grito dos Excluídos proporcionou um importante momento de reflexão sobre a realidade brasileira. “É necessário refletir sobre o papel dos movimentos sociais na independência do país”, disse. Uma das pautas mais defendidas na atividade foi a democratização da mídia. Com bandeiras, panfletos e palavras de ordem, os manifestantes condenaram os monopólios dos grandes meios de comunicação. A reforma política também foi reafirmada pelos participantes.

Os bancários participaram, levando faixas e cartazes e protestando contra o projeto da terceirização. “Se o PL 4330 for aprovado, milhões de trabalhadores serão excluídos de seus empregos e passarão a ser terceirizados, ganhando menos, com jornadas maiores e sem os direitos hoje garantidos em acordos e convenções coletivas, além do risco do calote de empresários picaretas. Várias categorias, como os bancários, poderão ser extintas. Não é à toa que a Febraban lidera o movimento dos empresários a favor do projeto”, disse o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Fonte: Contraf-CUT com CUT e Rede Brasil Atual

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