Oito entidades de crédito mostraram interesse em fazer uma oferta firme pela CajaSur e a venda deve ser definida na próxima semana, segundo o vice-presidente do Banco de España, Javier Ariztegui.

Entre os bancos interessados, sinalizou, estariam os principais locais – BBVA, Sabadell, BBK e Santander -, além de instituições estrangeiras. O critério de escolha será cruzar o melhor preço com as condições de solvência dos candidatos à aquisição.

O negócio marca a segunda intervenção direta da autoridade monetária do país numa instituição financeira e dará sequência ao processo de reestruturação e capitalização das chamadas "cajas de arhorros".

Essas entidades, típicas da economia espanhola, são ligadas aos governos e captam recursos para direcioná-los ao crédito imobiliário. O rearranjo do sistema conta com o apoio do Fondo Europeo de Estabilidad Financeira (FROB), criado há pouco mais de um ano para garantir que instituições financeiras com dificuldades fossem saneadas.

De acordo com Ariztegui, o fundo tem capacidade para dispor de recursos da ordem de ? 99 bilhoes. A atuação direta foi concebida como um mecanismo de resolução rápida para bancos inviáveis. Numa primeira intervenção, o Caja Castilla-La Mancha recebeu ? 4 bilhoes do Fondo de Garantia de Depósitos (FGD) e foi absorvido pelo Banco Liberta. A CajaSur, à venda, vai ter dinheiro do FROB.

O programa de reestruturação consiste ainda em facilitar as integrações de caráter preventivo de entidades consideradas viáveis e capitalizadas. "A iniciativa aspira favorecer processos de fusão e racionalização para reforçar os recursos próprios e melhorar a eficiência das instituições", disse Ariztegui. ao participar do IX Encontro Santander – América Latina. Para tanto, os bancos e caixas têm de apresentar um plano detalhado das condições da fusão e como vão obter ganhos operacionais. Além disso, precisam se comprometer a reduzir a rede de distribuição. Se o negócio for aprovado, o FROB reforça o patrimônio da instituição resultante, subscrevendo ações preferenciais. Os recursos serão devolvidos num prazo de cinco anos ao custo de 7,75%.

Em curso no país estão 12 processos de integração, envolvendo 39 das 45 caixas espanholas. Só oito instituições, que representam 8% do total de ativos dessas entidades de crédito, ficaram à margem desse movimento de fusão. A injeção já chegou a ? 10,2 bilhões. Somando-se os desembolsos do FROB e do FGD para a recapitalização e reestruturação das caixas, o socorro aprovado chega a ? 16 bilhões, o equivalente a 1,5% do PIB espanhol.

De acordo com Ariztegui, embora a segunda rodada da crise espanhola encontrasse o sistema financeiro do país em posição sólida, as caixas, que representam metade dos ativos do mercado, se encontravam em situação vulnerável. "Desde a moeda única, as cajas de ahorro financiaram uma parte relevante do seu crescimento recorrendo aos mercados de euro, com a emissão de títulos principalmente subscritos por investidores não residentes. Em consequência, sua base de depósitos de varejo perdeu peso frente ao financiamento internacional." Com o aumento da percepção de risco no mercado europeu desde que a Grécia tropeçou, o dinheiro externo também sumiu.

Outro problema apontado pelo representante do Banco de España foi a aplicação excessiva de recursos na promoção imobiliária, segmento muito vinculado a ciclos econômicos e que agora passa por um processo franco de ajuste. Enquanto os bancos comerciais manejam uma inadimplência inferior a 3%, as caixas estão às voltas com atrasos da ordem de 8,5% das carteiras. Ao fim do primeiro trimestre, o total de crédito para aquisição e reforma de moradias somava ? 655,6 bilhões.

Fonte: Bloomberg News /  Adriana Cotias, de Santander (Espanha)

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