O Santander já dá sinais da maneira como pretende lidar com as reivindicações dos bancários que constam da pauta da Campanha Nacional Unificada 2010, entregue aos banqueiros no início de agosto. E nada indica que essa forma de agir do banco espanhol tenha a ver com o respeito aos trabalhadores nem com seu direito à organização.

Funcionários da Aymoré Financiamentos, que fica na Rua XV de Novembro, centro de São Paulo, foram pegos de surpresa na semana passada com a informação de que serão obrigados a mudar de local de trabalho a partir de 9 de setembro. "A medida tem o objetivo de enfraquecer uma possível greve no local e fere o direito à livre organização dos trabalhadores, sem interferência da empresa", denuncia o diretor do Sindicato dos Bancários de são Paulo, Marcelo Gonçalves.

O banco afirmou que os empregados serão transferidos para um prédio administrativo em Santo Amaro – o local abriga diversas empresas, o que dificultaria a organização e mobilização. As orientações prevêem que os bancários terão de trabalhar neste local até o final da campanha e só retornam para o Centro após a assinatura do acordo coletivo. "Isso deixa escancarada a política antissindical do banco e mostra que a Superintendência da Aymoré aposta no confronto e não na negociação democrática", diz.

Indignação

Um bancário que denunciou o fato ao Sindicato afirma que o prédio não tem condições adequadas de uso. "Já fui nesse prédio e pude ver as condições precárias das mesas, cadeiras. O espaço da mesa só da para colocar o computador, não sobrando mais espaço para nada. E o pior é que os gerentes e superintendentes não irão para lá, enquanto nós sofremos naquele lugar", afirmou, por e-mail.

Outro problema diz respeito à rotina dos trabalhadores e de suas famílias. "Teremos também que sair muito cedo de nossas casas, mães terão que ver outro jeito de levar seus filhos para a escola, pois o lugar é muito longe para a maioria, fora o trânsito absurdo", destaca.

Marcelo acredita que a decisão do banco tem relação com a boa participação dos bancários da Aymoré nas greves dos últimos dois anos. "As péssimas condições de trabalho no local, e que vêm se deteriorando, colaboraram muito para a revolta dos bancários e a adesão às greves, mesmo com a polícia tentando forçar a entrada nas greves dos últimos anos. Essa tentativa de mudança é uma arbitrariedade da Superintendência da Aymoré que não vamos aceitar", diz o dirigente sindical.

Fonte: Danilo Pretti Di Giorgi – Seeb São Paulo

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