Desde a manhã do último dia 27 de julho, a Superintendência do Banco de Brasil em Sergipe não atende mais ao comando do agora ex-superintendente Eduardo Sant’Anna. Ainda naquele dia, o Comitê de Administração da instituição se reuniu e confirmou que o executivo não mais faria parte dessa casa, apesar de sequer ter esquentado o lugar, com dois meses e três dias de posse.

"Vou deitar a cabeça satisfeito daqui a seis meses se tiver a satisfação dos 600 funcionários do Banco do Brasil no Estado – o que também inclui o Sindicato dos Bancários de Sergipe – e com os reconhecimentos da sociedade e dos acionistas do banco, que tem como principal acionista o Governo Federal", disse ele ao CINFORM, na única grande entrevista que deu a um meio de mídia em Sergipe.

Na tarde da última quinta, 30 de julho, o Departamento de Comunicação do BB em Brasília confirmou com exclusividade ao CINFORM que o novo superintendente, Rubem Hassen, que era da Regional de Florianópolis, em Santa Catarina, assume oficialmente a instituição em Sergipe nesta segunda-feira, 3 de agosto. Eduardo Sant’Anna, que no meio bancário tem sido ironicamente chamado de ‘o breve’, causou espanto pelo escasso tempo em que esteve à frente do banco.

De fato, é um tempo curtíssimo. O que se diz extra-oficialmente é que ele foi deposto de Pernambuco, onde foi superintendente por 3,5 anos, e veio para Sergipe como castigo pela condução abusiva e totalitária de sua gestão por lá. Sobre isso, o Departamento de Comunicação do Banco em Brasília diz o seguinte: "É política do banco não responder informações extra-oficiais’. Eduardo está de licença médica e como não se sabe qual é o prazo de retorno, o banco não poderia deixar o Estado sem um superintendente", afirma o Departamento de Comunicação do BB em Brasília.

Ainda de acordo com a assessoria do banco, Rubem Hassen só ainda não havia assumido a Superintendência em Sergipe porque estava com sintomas de gripe. Como no Sul do país se instaurou uma forte política de prevenção e combate à gripe suína, sua posse foi prolongada para a próxima semana. "Esse é um cargo estratégico na administração do BB em Sergipe e, portanto, já nesta segunda Ruben Hansen assume a Superintendência", reforça a assessoria do banco.

EM CRISE?

Há algo de errado na Superintendência do Banco do Brasil em Sergipe. A cadeira de executivo supremo da instituição por essas terras é cada vez mais frágil e tem se quebrado com muita facilidade. Em pouco mais de um ano, dois superintendentes já passaram pelo Estado e rapidamente se foram.

Há cerca de 14 meses, o mineiro Neirim Goulart chegou, mas não ficou. Assim como Eduardo, Neirim foi jogado à fogueira sob acusações de perseguições – o ápice foi as questões que envolvem a última eleição do Sebrae e o seu interesse em prejudicar o gerente Jorge Aragão e outros funcionários ligados ao superintendente anterior a ele, Éverton Teixeira.

A mesma história se repete com Eduardo Sant’Anna. Nos bastidores bancários, diz-se que ele teve uma gestão bastante tempestuosa em Pernambuco, embora tenha ficado por lá quase quatro anos. Aliás, pessoas ligadas àquela Superintendência garantem que diversas queixas foram formalizadas na Ouvidoria do Banco, denunciando a pressão e os maus tratos desse Eduardo. Em Sergipe, também há funcionários que guardam péssimas memórias dos dois meses em que Eduardo, ‘o breve’, esteve à frente do banco.

Na instituição, a desculpa para a derrocada do superintendente é a de afastamento por motivos de saúde – ele era um homem obeso, fez cirurgia bariátrica, estava com cerca de 50 quilos a menos e tinha uma aparência saudável ao desfilar em seus compromissos sociais no Estado neste ‘breve’ espaço de tempo que por aqui esteve.

Portanto, este argumento da saúde parece muito pouco convincente. Uma fonte próxima ao alto escalão do banco disse ao CINFORM que o modelo de gestão de Eduardo não estava agradando ao Conselho do Banco e aos próprios funcionários. E há uma motivação maior para a sua saída: o início de uma nova era em que o banco afiará as garras frente à concorrência, mas mantendo uma relação saudável com os seus funcionários. E isso, ao que parece, não acontecia com Neirim e também não com Eduardo Sant’Anna, que já naquela segunda, 27, não mais estava com o celular do banco e já não se encontrava no Estado.

Na entrevista sobre sua estada em Sergipe, publicada na edição 1370, de 13 a 19 de julho, Eduardo Sant’Anna esbanjava confiança e otimismo com a sua ‘condição sergipana’. Prometeu que ampliaria número de agências, que contrataria concursados e tratou de dissipar as suspeitas de que fora contemplado com um ‘castigo’ por ter vindo de um Estado cuja Superintendência era mais forte que a sergipana.

"Nem castigo, nem prêmio. É uma predileção pelo Nordeste. Há uma característica do banco de o administrador não retornar mais de uma vez no local onde já foi superintendente. Minhas opções estão se esgotando. Só me restavam Sergipe e Paraíba. Sergipe, inclusive, atende bastante aos meus interesses profissionais e pessoais. Tenho família nos Estados de Pernambuco e Bahia. Estou, portanto, no meio termo. Não temos muito poder de escolha. Podemos ser enviados para qualquer lugar. Mas confesso que fiquei feliz por ter vindo para Sergipe", disse ele.

Na mesma entrevista, Eduardo Sant’Anna estabeleceu um ‘pacto de ouro’ para ser feliz no Estado e garantir a sua longevidade funcional por aqui. ‘Daqui a seis meses, o senhor vai deitar a cabeça no travesseiro satisfeito com quais resultados?’, perguntaram-lhe os jornalistas Breno Lima e Jozailto Lima.

"Vou deitar a cabeça satisfeito daqui a seis meses se tiver a satisfação dos 600 funcionários do Banco do Brasil no Estado – o que também inclui o Sindicato dos Bancários de Sergipe – e com os reconhecimentos da sociedade e dos acionistas do banco, que tem como principal acionista o Governo Federal. Então, se conseguir a satisfação desses três entes, meu sono será muito mais tranquilo do que já é, independente do resultado que tenhamos", respondeu. Pelos resultados logo em dois meses, seguramente ele ‘tropeçou’ em um destes três entes – senão nos três.

TROCA-TROCA

O Sindicato dos Bancários de Sergipe tem acompanhado a problemática de perto, se incomoda com o troca-troca, mas está esperançoso de que uma nova primavera se instaure nessa Superintendência e afaste dali o agourento canto do corvo. "O sindicato recebeu algumas denúncias sobre uma gestão de Eduardo feita na base do chicote. Mas não vejo a situação como uma crise no Banco do Brasil em Sergipe. Temos excelentes funcionários. Infelizmente, tivemos má sorte nessa transição de superintendentes do ano passado para cá", afirma José Souza, presidente do Sindicato.

De acordo com ele, existe uma aurora de renovação com a saída de Eduardo. "O BB tem 200 anos e um cabedal acumulado de gestão de empresa que não é qualquer coisa. Fui informado que esse superintendente regional de Florianópolis que virá para Sergipe é uma pessoa de bom trato, um profissional exemplar naquele Estado. Vamos aguardá-lo, estabelecer um contato e colocar nossas referências. Vamos mostrar que o sindicato age com lealdade, mas também com firmeza. Sempre lutaremos a favor dos bancários com toda a nossa energia", diz Souza.

Fonte: Seeb Sergipe